sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Anotações para conhecer a autora Buchi Emecheta - em 01ago2025

 

Autora Buchi Emecheta

Nigeriana

 

Anotações para conhecer um pouco a autora.

São anotações a partir de consultas rápidas ao Google.

Muitas vezes, o site está disponível para leitura mais detalhada sobre algum tema relacionado à autora.

A ideia é conhecer um pouco a autora e, quem sabe, incluir algum livro dela na lista do nosso grupo de leituras, o Quilombo Literário.

 

Informações iniciais sobre a autora:

Florence Onyebuchi "Buchi" Emecheta foi uma escritora nigeriana radicada em Londres. Buchi escreveu várias peças de teatro e uma autobiografia, além de livros para crianças. Foi a autora de mais de 20 livros, incluindo “Cidadã de Segunda Classe” e “As alegrias da maternidade”.

 

Algumas obras da autora: [tirado da wikipédia]

Romances

  • In the Ditch (1972) (Publicado no Brasil como "No fundo do poço")
  • Second-Class Citizen (1974) (Publicado no Brasil como "Cidadã de Segunda Classe")
  • The Bride Price (1976)  (Publicado no Brasil como "Preço de Noiva")
  • The Slave Girl (1977); Prêmio Jock Campbell 1978
  • The Joys of Motherhood (1979)      (Publicado no Brasil como "As alegrias da maternidade")
  • The Moonlight Bride (1981)
  • Our Own Freedom (com fotos de Maggie Murray; 1981)
  • Destination Biafra (1982)
  • Naira Power (1982)
  • Adah's Story [In the Ditch/Second-Class Citizen] (Londres: Allison & Busby, 1983).
  • The Rape of Shavi (1983)
  • Double Yoke (1982)
  • A Kind of Marriage (London: Macmillan, 1986)
  • Gwendolen (1989)
  • Kehinde (1994)
  • The New Tribe (2000)

 

Alguns trechos retirados da wikipédia para leitura inicial sobre a vida da autora:

... Bhuci nasceu em na 1944 em Lagos, na Nigéria, de pais ibos chamados Alice (Okwuekwuhe) Emecheta e Jeremy Nwabudinke. Seu pai era trabalhador de ferrovia e por conta do preconceito de gênero, Buchi foi inicialmente mantida em casa enquanto seu irmão frequentava a escola. Depois ela conseguiu persuadir seus pais sobre os benefícios de receber uma educação igual e ela pode estudar em uma escola apenas para garotas.

Quando Buchi tinha nove anos, seu pai morreu devido à complicações resultantes de um ferimento que ele obteve em um pântamo em Burma, quando serviu para Lord Louis Mountbatten. Um ano depois, Buchi recebeu uma bolsa de estudos para estudar em uma escola metodista para garotas em Yaba, no subúrbio de Lagos, onde estudou até os 16 anos, em 1960, quando se casou com Sylvester Onwordi, a quem tinha sido prometida aos 11 anos.

Seu marido mudou-se para Londres para cursar a universidade e Buchi se juntou a ele junto com seus dois primeiros filhos em 1962. Juntos eles tiveram cinco filhos em seis anos, sendo três meninas e dois meninos. Seu casamento, porém, foi infeliz e violento. A fim de se manter sã e produtiva, Buchi escrevia em seu tempo livre. Entretanto, seu marido suspeitava de sua escrita e queimou seu primeiro manuscrito. Este seu primeiro livro foi reescrito, publicado em 1976 como The Bride Price.

Aos 22 anos, grávida do seu quinto filho, Buchi deixou o marido. Enquanto trabalhava para sustentar sozinha seus filhos filhos na biblioteca do Museu Britânico, ela obteve um bacharelado em sociologia, em 1972, pela Universidade de Londres. Posteriormente, ela receberia um doutorado pela mesma universidade em 1991.

Seus dois primeiros romancesIn the Ditch (1972) e Second-Class Citizen (1975) abordam a dificuldade de ser mãe, divorciada e imigrante em Londres. Seguiram-se livros sobre a luta das mulheres africanas para na sociedade patriarcal: The Bride Price(1976), The Slave Girl (1977), Kehinde (1994) e The new tribe (2000), entre outros....

 

Sites onde se pode ler muito sobre a vida e obra da autora:

https://www.taglivros.com/blog/quem-foi-buchi-emecheta-a-influente-escritora-nigeriana-recem-lancada-no-brasil/ este site procura mostrar quem foi Buchi.

Uma aluna da Universidade do Maranhão defendeu tese sobre um dos livros da Buchi, “As alegrias da maternidade”, que pode ser encontrado no site: https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/kwanissa/article/view/18640/236

No site https://www.britannica.com/art/African-literature logo no início, há uma análise sobre a obra da autora, depois o site é sobre análise da literatura africana.

O site https://diplomatique.org.br/conhecer-a-nigeria-pela-literatura-um-caminho-aberto-por-buchi-emecheta/  traz o texto “ Conhecer a Nigéria pela literatura: um caminho aberto por Buchi Emecheta”...Para nos aproximarmos dos dilemas que fazem parte da vida de personagens do outro lado Atlântico convido a leitura de Buchi Emecheta, escritora nigeriana que vivenciou momentos complexos e os transformou em substrato para suas construções literárias...”

O site https://frasemotivacional.com.br/frases/autor/buchi-emecheta-1207 nos traz uma frase motivacional divulgada por Buchi: “Não era justo, ela achava, o modo como os espertos dos homens usavam o sentido de responsabilidade de uma mulher para escravizá-la na prática”.

No site https://www.casafrica.es/pt/pessoa/buchi-emecheta vimos que “A submissão das mulheres africanas é o principal tema desta escritora nigeriana, uma das mais prolíficas do continente...”

Esta é Buchi Emecheta, uma autora nigeriana!

segunda-feira, 21 de julho de 2025

Análise do próximo livro a ser lido - em 21jul2025

 

Fortaleza, 21 de julho de 2025.

 

O Quilombo Literário começa hoje a avaliar um livro para trabalhar em seu próximo encontro. A indicação do livro foi feita por uma colega do nosso grupo, a xxxyyyy! Junto informações colhidas na internet para que o grupo avalie e reflita sobre a escolha da próxima obra. Fica aberta a possibilidade de que a escolha seja por outra obra.

Vão aqui informações lidos na internet sobre a obra.

Livro: Cartas para uma negra

Sobre a autora:

Nascida na Martinica, FRANÇOISE EGA (1920-1976), trabalhou como doméstica antes de se tornar escritora e importante ativista social em defesa dos imigrantes caribenhos na França. “Cartas a uma negra” foi publicado postumamente.

Na revista Trechos, encontrei matéria onde a autora, ao ler a Revista Paris Match, encontrou uma reportagem sobre o livro da autora Carolina Maria de Jesus, Quarto de Despejo, e se identificou com a história. Segue um excerto da matéria da Paris Match:

“A antilhana Françoise Ega trabalhava em casas de família em Marselha, na França. Um de seus pequenos prazeres era ler a revista Paris Match, na qual deparou com um texto sobre Carolina Maria de Jesus e seu Quarto de despejo. Identificou-se prontamente. E passou a escrever "cartas" ― jamais entregues ― à autora brasileira. Nelas, relatava seu cotidiano de trabalho e exploração na França, as dificuldades, a injustiça nas relações sociais, a posição subalterna (e muitas vezes humilhante) a que eram relegadas tantas mulheres como ela, de pele negra e originárias de uma colônia francesa no Caribe. Aos poucos, foi se conscientizando e passou a lutar por seus direitos. Quando morreu, em 1976, era um nome importante na sociedade civil francesa...”

Na Livraria da Travessa, que possui o livro para venda, aparece esse comentário, transcrito aqui apenas uma parte:

“...Cartas a uma negra, publicado postumamente, é um dos documentos literários mais significativos e tocantes sobre a exploração feminina e o racismo no século XX.

Concebido como um conjunto de cartas, datadas entre 1962 e 1964, o texto vai ganhando profundidade e variedade estilística à medida que a autora mergulha no processo de escrita — a ponto de o livro poder ser lido como um romance.

Entre seus personagens, além das babás, empregadas domésticas e faxineiras, estão também as autoritárias (e tacanhas) patroas e seus filhos mimados. A tensão principal se dá na relação entre patroas e empregadas: a atitude imperial de umas e a completa falta de direitos das outras. São histórias por vezes chocantes de trabalhadoras sem acesso a saúde, férias ou mesmo a uma moradia minimamente confortável.

 Tudo isso é relatado de forma pungente e expressiva, tendo como "leitora ideal" a escritora brasileira, que, ao longo de sua trajetória, teve experiências semelhantes. Pois ambas, Ega e Carolina, lutaram pelo mais básico: a dignidade na vida e na literatura...”

No site https://viciovelho.com/2022/11/10/sobre-cartas-a-uma-negra-de-francoise-ega/ há uma matéria bem interessante sobre a obra. Seguem alguns recortes do texto:

“... Ler Cartas a uma negra, depois de ter lido a negra a quem se destina, é uma verdadeira experiência de conexões. A primeira delas, que salta aos olhos de todos, é seu caráter de denúncia da relação existente entre a condição da população negra na França e no Brasil e o colonialismo...

Mais adiante, há uma fala da Françoise Ega:

“...Timidamente, eu disse para quem estava ao meu redor: “Estou escrevendo um livro”. Riram de mim. Repeti o meu leitmotiv a compatriotas que me viam rabiscar quando nos encontrávamos, fosse no ônibus, fosse nos encontros dos grupos comunitários. Aos risos, me disseram: Cuide das suas crias”. Houve quem, por pena, levasse a mão à testa. Comecei então a escrever às escondidas […]

Momento em que a autora narra que não a chamavam por nome algum:

“...... Já no fim do primeiro parágrafo de Cartas, Ega relata que a família para qual trabalhava não a chamava de nome nenhum [[…] ils ne m’appellent pas du tout]. Ela era apenas a negra. Contrariamente a essa invisibilização constada nos primeiros dias de trabalho, a obra inicia-se com uma expressão de concordância seguida de um vocativo: “Pois é, Carolina” [Mais oui, Carolina]. Desse modo, fica estabelecido, desde o começo, o diálogo não com um leitor anônimo, mas sim com alguém nominado, uma interlocutora com quem a emissora se identifica. Isto é, Ega rebate a invisibilização sofrida na função de faxineira com a nominalização da negra com quem se irmana.

Conclusão preliminar:

Li vários sites disponíveis na pesquisa Google, entrando com o nome da obra. Ouvi alguns podcasts disponíveis na pesquisa.

Achei bem interessante o fato de uma autora antilhana, radicada em Marselha, escrever cartas [não entregues / enviadas] para a Carolina Maria de Jesus. As duas autoras viveram na mesma época e escreveram sobre o mesmo tema, racismo, empregadas domésticas, pobreza, entre outros temas. Lembrei, ao ler o material do Google, do livro “A cor púrpura”, da Alice Waker, que também escrevia cartas para expressar o seu olhar sobre esses mesmos temas. Sobre o mesmo tema há o filme "Histórias Cruzadas"!

Minha indicação é de que precisamos ler este livro no Quilombo Literário!

Mas para que o livro seja o escolhido para o próximo encontro, precisamos do posicionamento dos demais colegas do grupo.

Votem!

 

Att

 

Pela Coordenação do

Quilombo Literário

terça-feira, 8 de julho de 2025

Encontro para o livro "Canção para ninar menino grande" - em 05jul2025

Fortaleza, 07 de julho de 2025.

No último dia 05 de julho de 2025, na Biblioteca do Centro Cultural Banco Nordeste, situado no centro da cidade, realizamos mais um encontro do nosso grupo de leituras, o Quilombo Literário.

Três colegas participaram do encontro, conforme aparece na foto.

A obra trabalhada foi “Canção para Ninar Menino Grande”, da autora Conceição Evaristo.

Inicialmente vão anotações que havia feito para comentar durante o encontro. Nem todas foram apresentadas, pois outros colegas também as apresentaram.

Fio Jasmim é o elo que liga as várias histórias das mulheres. É através dele que conhecemos os desejos das mulheres, seus sonhos, seus corpos, suas escolhas.

Fio é fruto do machismo e do racismo que perpassa a sociedade. No passado, uma professora, nos primeiros anos de escola, não o escolheu como príncipe para representar a peça a Cinderela e o Príncipe. Ela escolheu um menino loiro. Nasce aí os primeiros sentimentos de preterimento racial de Fio.

Fio recebe do pai e dos maquinistas mais velhos exemplos de como tratar as mulheres.

Fio é casado com Pérola Maria e os dois têm nove filhos.


Capa do livro trabalhado

No início do livro, Juventina e a narradora conversam sobre amores. Juventina cantava “Canção para ninar menino grande” para aliviar a dor do peito, [pág 12]. Tina foi o grande amor extraconjugal de Fio Jasmim.

Conhecemos a Pérola Maria, esposa de Fio Jasmim, apenas pelas falas da Tina ou das outras mulheres. Não há na obra a própria Pérola falando. Isso nos levou a pensar na personagem Capitu, do livro “Dom Casmurro”, onde também não se tem a versão dessa personagem sobre o adultério narrado naquela obra.

As mulheres que Fio se envolveu:

Pérola Maria: a esposa oficial. Ignora o caráter do marido. Sempre o perdoa.

Neide Paranhos: queria ter um filho, mas não pediu que Fio fosse o pai.

Angelina: se matou, porque Fio não quis se casar.

Aurora: banhava-se no rio, depois que conheceu Fio banhava-se em sua lábia.

Dolores: enganada por ele. Teve filhas gêmeas.

Dalva Ruiva: além dos filhos que já tinha, teve mais três com Fio.

Eleonora: a única que Fio não tentou namorar. Ela era lésbica.

Tina: o relacionamento durou 35 anos. Era independente. Além do romance, nada mais aconteceu entre eles.

Algumas ideias tiradas a partir da leitura do livro:

Dolores afirmava que os gêmeos eram filhos de Fio [pág 15].

Dalva Ruiva afirmava que as crianças brincavam juntas com as de Pérola Maria [pág 16].

Dolores foi a única que transformou amor em ódio

Neide Paranhos, a do Vale das Laranjeiras, não quis continuar estudando, não quis sair da cidade, preferiu ficar ao lado dos pais.

A Família Paranhos era a única de negros no meio de muitas famílias brancas, todas donas de terras.

Neide teve um filho com Fio, mas Fio não sabia direito [pág 29].

A vergonha do pai ao saber que Neide teve um filho [pág 28].

Angelina era enfermeira [pág 30]. Com 33 anos sonhava que o príncipe encantado iria chegar [pág 30], e quando Fio chegou na cidade achou que esse era o príncipe. Iniciou como faxineira no hospital, depois estudou e cresceu [fez diferente da Neide Paranhos]. Se envolveu de tal forma no sonho do príncipe encantado que, quando Fio foi embora, morreu de desgosto.

Até a pág 38, nota-se que Fio, um maquinista jovem, chega em pequenas cidades e fica dois ou três dias e, neste período, se envolve rapidamente com alguma moça, e logo segue viagem, abandonando algum coração partido.

As moças reagem de formas diferentes. Umas morrem de amor [pág 37], outras transformam completamente a sua vida calma e pacata e a da família, caso da Neide Paranhos], que criou sozinha o filho [pág 29].


Formação do Quilombo Literário atualmente

Ao que parece, Fio vai passando pelas cidades e se aproveitando da confiança das moças, destruindo vidas, sonhos e esperanças.

Fio fez muitos filhos, mas não foi pai de nenhum [nem dos seus em casa].

O livro seria um ensaio sobre a riqueza da afetividade feminina ou da pobreza da afetividade masculina?

Eleonora faz com que Fio encontre [reconheça] suas próprias dores e entenda que dores e sentimentos também afetam homens e não só as mulheres.

Para Tina, os homens “não passavam de meninos grandes, que viviam agarrados às saias das mulheres em busca de proteção”.

Tina une as mulheres do romance, tornando-as cúmplices e testemunhas das histórias de amor, felizes ou infelizes.

Conversando com Eleonora, mulher lésbica, que Fio percebe os sofrimentos dos outros e os seus próprios.

Fio, em Minas Gerias, é a contração de filho.

Ao que parece, no último parágrafo, a autora também é uma das mulheres de Fio, “pois a canção é minha também”, termina Conceição Evaristo.