domingo, 16 de junho de 2019

Sobre o III encontro!


Pois ontem, 15 de junho de 2019, depois de adiamento por força maior, realizamos o III encontro do Grupo de Leituras Quilombo Literário. Três pessoas, o que dava quórum mínimo, estavam presentes. De um total de 26 pessoas convidadas, em torno de 10 pessoas se comunicaram dizendo que estavam viajando ou preparando trabalhos escolares ou com algum problema de doença na família, os outros nada disseram! 

Começou-se o estudo da obra de Maya Angelou "Eu sei por que o pássaro canta na gaiola" analisando a forma como a história foi narrada e situando os personagens principais da história, bem como situando as cidades onde alguns fatos aconteceram. 

Pinçando fatos do livro, que muitas vezes puxaram fatos da vida real, analisou-se a passagem do livro que fala sobre um estupro infantil, fato que levou a comparações e análises de fatos correlatos na vida real, mostrando que as desculpas apresentadas no livro antes, durante e após a consumação do ato são as mesmas apresentadas quando na vida real. 

Outro fato pinçado do livro, e que também teve comparações com a vida real, foi algo que se poderia chamar de autoestima, que é quando a personagem começa a analisar o seu corpo em formação e percebe que é desprovido de curvas maiores, o que a levou pensar que era lésbica. Depois de conversar com a mãe sobre os vários aspectos da transformação do corpo, recebeu resposta que não lhe tirou a dúvida sobre ser ou não lésbica. 

Sobre esta adolescente pesava a dúvida de ser ou não lésbica; a questão negra, já que foi uma menina criada no sul escravocrata; a questão do machismo; e da violência sexual, já que foi estuprada na infância. Todos esses fatos nos levaram para análises da vida real, onde se pôde ver que o "modus operandi" é o mesmo tanto lá quanto aqui, o que nos leva a crer que o machismo, a violência sexual e os derivados da escravidão são os mesmos, lá e aqui!

Em linhas gerais, se analisou como a autora foi mostrando a existência do racismo na vida da personagem e, por extensão, na vida de muitos negros. O livro vai contando pequenas histórias, pequenos fragmentos do dia a dia no crescimento da adolescente, que é a vida real da autora.  A autora é criada, junto com o irmão que é um ano mais velho, pela avó paterna que é proprietária de um pequeno comércio no Arkansas, sul dos EUA, região com muitos resquícios escravocratas. Então, a história vai mostrando o caso do dentista que tem por princípio não atender negros; o primeiro emprego da adolescente que demora para dar certo por que as empresas dificultam de todas as formas a contratação de negros. Levamos estes fragmentos para a vida real e também constatamos que muitas empresas dificultam a contratação de negros, porém, em tempos de crise, facilitam para que os negros saiam primeiro do emprego, isto é, são os primeiros a serem demitidos! Há a dificuldade para entrar, mas há a facilidade para sair! Seria isso racismo?

Assim foi o nosso terceiro encontro!

Também, enquanto encerrávamos os trabalhos, se falou da importância de espaços de discussão como este que o Quilombo Literário disponibiliza. Falou-se que negros, muitas vezes, enfrentam lutas variadas sozinhos, não tendo outros negros para dividirem o fardo pesado do racismo cotidiano que se abate, ora velado, ora explícito, sobre os eles. Precisamos fazer com que mais pessoas participem desses encontros e que tragam experiências de suas vidas para compartilhar com os presentes!  

Algumas sugestões de leituras ficaram para os próximos encontros!

Ao final da análise do livro, se perguntou o porquê do título do livro. Talvez o título leve para a libertação, pois, os vários fragmentos relatados na história levam a autora à liberdade! Liberdade de pensamento, de agir, de entendimento dos fatos, de luta antirracista, de escrever e de esperança em dias melhores. Então, o pássaro, mesmo preso na gaiola, canta por acreditar que a liberdade ainda virá um dia! 
  
Quilombola literária!

Quilombola literária!

Quilombola literária!

Quilombolas literárias!

Após o encontro, restos de bolo e, na sacola, livros, celulares e garrafas.

Nossa mesa antes do encontro!

10 comentários:

Verare disse...

Vida longa ao Quilombo Literário!! E que venham mais leituras e posturas de vida instigantes. Parabéns!

Unknown disse...

Uma beleza de atividade!!

quilombo literario disse...

Obrigado, Vera, por ler nosso texto!

Agora que chegamos ao nosso terceiro encontro, pretendemos partir para o quarto encontro com escolha de livro que apresentem leitura fluente e história interessante de modo que leve prazer aos leitores do grupo e incite interesses de leitura ao público de fora do grupo que nos acompanha!

Obrigado pela leitura!

quilombo literario disse...

Obrigado, leitor "unknown" por ler nosso texto!

Sarah disse...

Que maravilha, estou ansiosa pra o proximo livro e encontro...❤

Fernanda Maria disse...

Parabéns ao Quilombo literário, um espaço necessário de trocas, conhecimento e fortalecimento. Espero participar do próximo encontro e saber qual será a leitura.

quilombo literario disse...

Obrigado, Sarah, por ler nosso texto!

Segure a ansiedade por enquanto! Não temos ainda nem data nem livro para o próximo encontro! Alguns livros foram sugeridos no último encontro, mas estamos analisando!

Obrigado pela leitura!

quilombo literario disse...

Obrigado, Fernanda, por ler nosso texto!

Esta questão da importância do nosso espaço para reunir negros e negras para que juntos possam se fortalecer na resistência ao racismo foi discutida no último encontro! Comentávamos da importância da leitura de boas obras para o melhor entendimento do racismo, e também da importância de termos um grupo onde se pudesse compartilhar experiências de vida!

Ainda não temos data, mas uma ideia que se tirou no último encontro é que seria bom que acontecesse entre o final de outubro e o final de novembro!

Obrigado pela leitura!

Ariadne Rios disse...

Parabéns ao Quilombo Literário e principalmente à vc Paulo. Infelizmente no dia acordei com dores horríveis, e não consegui ir. Mas quero me atentar ao próximo e estar presente. Pois momentos assim, são para nós pretas e pretos fortalecermos, tanto a alma, o corpo, mente, enfim, o espírito. Parabéns pelo belo trabalho e sucesso.

quilombo literario disse...

Obrigado, Ariadne, por ler nosso texto!

Algumas pessoas não puderam ir ao último encontro por motivo de doença. Isto acontece, cara amiga!

Durante o encontro, além da pauta do livro escolhido para trabalharmos, também tratamos disso que falas, ou seja, a importância de grupos como o nosso no empoderamento de negros e negras. Na maior parte das vezes, o racismo é velado, então, é dentro de grupos como o que estamos construindo que podemos nos fortalecer e, assim, levar adiante nossa contribuição antirracista! Em verdade, nesta luta antirracista, nosso grupo pretende alcançar corações e mentes, para transformá-los!

Obrigado por ler nosso texto!