segunda-feira, 21 de julho de 2025

Análise do próximo livro a ser lido - em 21jul2025

 

Fortaleza, 21 de julho de 2025.

 

O Quilombo Literário começa hoje a avaliar um livro para trabalhar em seu próximo encontro. A indicação do livro foi feita por uma colega do nosso grupo, a xxxyyyy! Junto informações colhidas na internet para que o grupo avalie e reflita sobre a escolha da próxima obra. Fica aberta a possibilidade de que a escolha seja por outra obra.

Vão aqui informações lidos na internet sobre a obra.

Livro: Cartas para uma negra

Sobre a autora:

Nascida na Martinica, FRANÇOISE EGA (1920-1976), trabalhou como doméstica antes de se tornar escritora e importante ativista social em defesa dos imigrantes caribenhos na França. “Cartas a uma negra” foi publicado postumamente.

Na revista Trechos, encontrei matéria onde a autora, ao ler a Revista Paris Match, encontrou uma reportagem sobre o livro da autora Carolina Maria de Jesus, Quarto de Despejo, e se identificou com a história. Segue um excerto da matéria da Paris Match:

“A antilhana Françoise Ega trabalhava em casas de família em Marselha, na França. Um de seus pequenos prazeres era ler a revista Paris Match, na qual deparou com um texto sobre Carolina Maria de Jesus e seu Quarto de despejo. Identificou-se prontamente. E passou a escrever "cartas" ― jamais entregues ― à autora brasileira. Nelas, relatava seu cotidiano de trabalho e exploração na França, as dificuldades, a injustiça nas relações sociais, a posição subalterna (e muitas vezes humilhante) a que eram relegadas tantas mulheres como ela, de pele negra e originárias de uma colônia francesa no Caribe. Aos poucos, foi se conscientizando e passou a lutar por seus direitos. Quando morreu, em 1976, era um nome importante na sociedade civil francesa...”

Na Livraria da Travessa, que possui o livro para venda, aparece esse comentário, transcrito aqui apenas uma parte:

“...Cartas a uma negra, publicado postumamente, é um dos documentos literários mais significativos e tocantes sobre a exploração feminina e o racismo no século XX.

Concebido como um conjunto de cartas, datadas entre 1962 e 1964, o texto vai ganhando profundidade e variedade estilística à medida que a autora mergulha no processo de escrita — a ponto de o livro poder ser lido como um romance.

Entre seus personagens, além das babás, empregadas domésticas e faxineiras, estão também as autoritárias (e tacanhas) patroas e seus filhos mimados. A tensão principal se dá na relação entre patroas e empregadas: a atitude imperial de umas e a completa falta de direitos das outras. São histórias por vezes chocantes de trabalhadoras sem acesso a saúde, férias ou mesmo a uma moradia minimamente confortável.

 Tudo isso é relatado de forma pungente e expressiva, tendo como "leitora ideal" a escritora brasileira, que, ao longo de sua trajetória, teve experiências semelhantes. Pois ambas, Ega e Carolina, lutaram pelo mais básico: a dignidade na vida e na literatura...”

No site https://viciovelho.com/2022/11/10/sobre-cartas-a-uma-negra-de-francoise-ega/ há uma matéria bem interessante sobre a obra. Seguem alguns recortes do texto:

“... Ler Cartas a uma negra, depois de ter lido a negra a quem se destina, é uma verdadeira experiência de conexões. A primeira delas, que salta aos olhos de todos, é seu caráter de denúncia da relação existente entre a condição da população negra na França e no Brasil e o colonialismo...

Mais adiante, há uma fala da Françoise Ega:

“...Timidamente, eu disse para quem estava ao meu redor: “Estou escrevendo um livro”. Riram de mim. Repeti o meu leitmotiv a compatriotas que me viam rabiscar quando nos encontrávamos, fosse no ônibus, fosse nos encontros dos grupos comunitários. Aos risos, me disseram: Cuide das suas crias”. Houve quem, por pena, levasse a mão à testa. Comecei então a escrever às escondidas […]

Momento em que a autora narra que não a chamavam por nome algum:

“...... Já no fim do primeiro parágrafo de Cartas, Ega relata que a família para qual trabalhava não a chamava de nome nenhum [[…] ils ne m’appellent pas du tout]. Ela era apenas a negra. Contrariamente a essa invisibilização constada nos primeiros dias de trabalho, a obra inicia-se com uma expressão de concordância seguida de um vocativo: “Pois é, Carolina” [Mais oui, Carolina]. Desse modo, fica estabelecido, desde o começo, o diálogo não com um leitor anônimo, mas sim com alguém nominado, uma interlocutora com quem a emissora se identifica. Isto é, Ega rebate a invisibilização sofrida na função de faxineira com a nominalização da negra com quem se irmana.

Conclusão preliminar:

Li vários sites disponíveis na pesquisa Google, entrando com o nome da obra. Ouvi alguns podcasts disponíveis na pesquisa.

Achei bem interessante o fato de uma autora antilhana, radicada em Marselha, escrever cartas [não entregues / enviadas] para a Carolina Maria de Jesus. As duas autoras viveram na mesma época e escreveram sobre o mesmo tema, racismo, empregadas domésticas, pobreza, entre outros temas. Lembrei, ao ler o material do Google, do livro “A cor púrpura”, da Alice Waker, que também escrevia cartas para expressar o seu olhar sobre esses mesmos temas. Sobre o mesmo tema há o filme "Histórias Cruzadas"!

Minha indicação é de que precisamos ler este livro no Quilombo Literário!

Mas para que o livro seja o escolhido para o próximo encontro, precisamos do posicionamento dos demais colegas do grupo.

Votem!

 

Att

 

Pela Coordenação do

Quilombo Literário

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