sábado, 1 de maio de 2021

Convite para o V Conversa de Roda no Quilombo Literário

 Fortaleza, 01 de maio de 2021.

 

Convite

 

Você está recebendo um convite pessoal e intransferível para participar de uma conversa de roda cujo objetivo é analisar e estudar, preferencialmente, autores negros que produziram literatura nacional e internacional sobre a questão negra.

 

Este convite é para participar do V Conversa de Roda no Quilombo Literário.

 

Conversa de Roda no Quilombo Literário pretende estimular entre os participantes o gosto pela leitura de livros de autores negros; melhorar a capacidade de interpretar, discutir e apresentar as ideias; aprimorar a escrita de textos voltados à questão negra.

 

Para maiores informações sobre como funciona o Conversa de Roda no Quilombo Literário, acesse o blog www.quilomboliterario.blogspot.com temos também uma página no Facebook quilombo literário – 2018.

 

Obras já estudadas:

1)    Em 09 de junho de 2018 – Na Minha Pele, do Lázaro Ramos

            2)    Em 15 de dezembro 2018 – Olhos D’água, da Conceição Evaristo

3)   Em 25 de maio 2019 – Eu Sei Por Que o Pássaro Canta na Gaiola, da Maya Angelou

4) Em 19 de outubro de 2019 – Não Vou Mais Lavar os Pratos, da Cristiane Sobral.

5) Em 04 de abril de 2020 - Um Defeito de Cor, da Ana Maria Gonçalves

[ainda não realizado devido ao surto de pandemia que recomenda a não aglomeração de pessoas]. O 5º encontro será reagendado para o dia 28 de agosto de 2021.

6) Sem data definida para 2020 - O Olho Mais Azul, da Toni Morrison        

[como objetivo era ler 2 livros por ano, a Coordenação indicou o segundo livro de 2020, mas a pandemia não cedeu, temos, então,  dois livros já lidos pelo grupo, só esperando uma data, agora pelo Google Meet]. O 6º encontro ainda não foi realizado. Será reagendado mais para o final de 2021].

7) Em 17 de abril de 2021 - Torto Arado, de Itamar Vieira Júnior

                                 

Em 28 de Agosto de 2021, faremos nosso quinto encontro [reagendado], quando trabalharemos com a obra “Um Defeito de Cor”, da autora “Ana Maria Gonçalves” 

 

A leitura integral do livro é condição necessária para participar do encontro.

 

V Conversa de Roda no Quilombo Literário

 

Data: 28 de Agosto de 2021

Local: Pelo Google Meet [o link para acesso será encaminhado no dia para o email de cada um dos convidados]

Horário: das 15:00 às 18:00h

 

[caso seja preciso mudar a data, avisaremos com antecedência].

 

Como adquirir a obra: pode ser adquirida nas boas livrarias da cidade (Cultura e Saraiva), ou na Estante Virtual (entrar no Google).

 

Solicitamos que cada participante confirme participação ao encontro pelo e-mail quilomboliterario@gmail.com o mais breve, para que possamos organizar detalhadamente o evento. O Link do Google Meet será enviado para aqueles que confirmarem presença.


Sobre a autora:

 [retirado da contracapa do livro]

 

"Ana Maria Gonçalves nasceu em Ibiá, Minas Gerais, em 1970. Abandonou a Publicidade para se dedicar à Literatura, e publicou o romance Ao lado e à margem do que sentes por mim, também disponível no blog da autora."

 

Sobre a obra:

[retirado da contracapa do livro]

"....Ana Maria apelidou com perfeição seu segundo livro: Um defeito de cor. Ela explica; na nossa delicada belle époque colonial, você, escurinho pretendente a cargo público, tinha que assinar documento abdicando oficialmente da cor da sua pele. Pois tais cargos, militares e civis – eclesiásticos também, ôlálá -, só podiam, naturalmente, ser ocupados por brancos...."

 

Comissão Organizadora:

 

 [Vice Coordenador]

 [Coordenador]

 [Assistente da Coordenação]

 

 

Contato com a comissão:

 

Fone: 

E-mail:quilomboliterario@gmail.com

 

Segue, anexa, foto do livro.


Área de anexos

livro iremos trabalhar a partir do dia 28 de agosto 2021.

Convite para o I Conversa de Roda no Quilombo Literário sobre filmes

 

Fortaleza, 01 de maio de 2021

Convite


Você está recebendo um convite pessoal e intransferível para participar de uma conversa de roda [através do Google Meet] cujo objetivo é analisar e estudar, preferencialmente, filmes com temática negra, onde se valorize obras de atores e atrizes, roteiristas e diretores, onde a questão negra esteja em evidência. Filmes nacionais e internacionais.


Este convite é para participar do I Conversa de Roda no Quilombo Literário sobre filmes.

 

Conversa de Roda no Quilombo Literário sobre filmes pretende estimular entre os participantes o gosto por assistir filmes com temática negra; melhorar a capacidade de analisar e interpretar filmes; discutir e apresentar as ideias; aprimorar a escrita de textos voltados a filmes sobre a questão negra.

 

Conversa de Roda no Quilombo Literário sobre filmes vai pegar carona em blog já existente, o www.quilomboliterario.blogspot.com, temos também uma página no Facebook quilombo literário – 2018.

            

Em 29 de maio de 2021, faremos nosso primeiro encontro, quando trabalharemos o filme "Meu Amor [seis histórias de amor verdadeiro]".

 

Assistir ao filme/documentário é condição necessária para participar do encontro.

 

I Conversa de Roda no Quilombo Literário sobre filmes

 

Data: 29 de maio de 2021

Local: Pelo Google Meet 

Horário: das 15:00 às 17:00h

Filme disponível na plataforma da Netflix


Sobre o filme:

Vamos trabalhar apenas com o 5º episódio do filme/documentário: "Brasil: Nicinha e Jurema".


Nome do filme/documentário: Meu Amor [seis histórias de amor verdadeiro]

É uma minissérie com 6 episódios, vamos analisar e estudar apenas o caso brasileiro.


O filme/documentário "Meu Amor [seis histórias de amor verdadeiro]"

Seis casais espalhados pelos quatro cantos do mundo.

Acompanhe seus altos e baixos. Junto o amor de suas histórias.


Sobre o 5º episódio:

Nicinha e Jurema estão juntas há 43 anos, formaram uma grande família em uma favela populosa e sonham em se aposentar na tranquilidade do campo. [1h04min]. 

 

Solicitamos que cada participante confirme participação ao encontro pelo e-mail quilomboliterario@gmail.com o mais breve, para que possamos enviar o link para acesso. O link será enviado para aqueles que confirmarem presença!

  

Comissão Organizadora:

 

 [Vice Coordenador]

 [Coordenador]

 [Assistente da Coordenação]


 

Contato com a comissão:

 

Fone: 

E-mail:quilomboliterario@gmail.com

domingo, 18 de abril de 2021

Sobre o encontro para analisar o Torto Arado II

 Ontem, realizamos virtualmente nosso encontro para analisar o livro Torto Arado, autoria de Itamar Vieira Júnior.

Segue as palavras iniciais do Coordenador ao encontro:

Falando aos novos participantes:

Objetivo do grupo:

O Quilombo Literário é um grupo interdisciplinar formado por professores e não-professores interessados em trocar experiências sobre a temática negra. Nas conversas de roda, diferentes pontos de vista sobre a obra analisada devem aflorar. Nenhum ponto de vista é mais correto que o outro. Isso apenas reforça a ideia de que podemos aprender alguma coisa com os outros. Muitas vezes é um detalhe que nos passou despercebido. Através das conversas de roda, o Quilombo Literário pretende estimular a leitura de autores negros, melhorar a capacidade de interpretar e discutir ideias, aprimorar a escrita de textos voltados à questão negra.

Cada participante comenta o que lhe pareceu interessante na obra estudada. As ideias da obra estudada servem como ponto de partida para a conversa, a obra é o fio condutor.

Falou-se, ainda, que no dia 08 de setembro de 2020, publicamos na Revista eletrônica  "CearáCriolo" um texto sob o título: Quilombo Literário: O Clube de leitura cearense focado em escritores negros.

Também no dia 02 de outubro de 2020, participamos do XI Congresso Internacional Artefatos da Cultura Negra, na Universidade Regional do Cariri [URCA], onde apresentamos trabalho sob o título : "Experiências de um Quilombo Literário em Fortaleza - CE: Literatura Negra, narrativa e afetos".

Há um texto em elaboração, a ser publicado na Revista Africanidades, onde se fala do Quilombo Literário em geral, e da apresentação na Urca. Segue um extrato deste texto, está na página 6:

"A apresentação do nosso trabalho chamou a atenção do mediador por ser o único com temática fora da academia. O mediador ficou encantado que, apesar dos tempos difíceis que se vive na educação, há coisas interessantes acontecendo dentro e fora dos muros da academia. Na visão dele, nosso trabalho chamou atenção por trazer o hábito da leitura para dentro de um grupo, e essa leitura não está presa à análise profunda do pensamento do autor, mas carrega além do autor, as vivências de cada participante do grupo. "Gostei!", nos disse o mediador!" 

Segue a avaliação inicial do Coordenador sobre o livro:

Torto Arado

Na pág 127, encontrei a melhor definição para o título do livro.

É quando Zeca do Chapéu Grande dizia “vou trabalhar o arado”, “vou arar a terra”, “seria bom ter um arado novo, esse arado está troncho e velho”.

 

Era um arado torto, deformado, que penetrava a terra de tal forma a deixa-la infértil, destruída e dilacerada – continuava a narração.

 

Dilacerada também estava a vida daquelas pessoas:

 

- Aquelas pessoas trabalhavam pela morada. E o que era a morada? Eram pessoas que vinham caminhando de fazenda em fazenda a procura de uma morada em troca de trabalho.

 

- Além de trabalharem nas terras grandes para produzirem para o Senhor, precisavam cultivar seus próprios roçados em volta da morada para seu próprio sustento. E o Senhor ainda levava para si cerca de 30% do produzido nesse roçado.

 

- Os maus tratos a mulheres estão presentes na narração: Tobias é um bom exemplo: bebia, batia na mulher, ficava dias sem aparecer e casa.

 

- A interdição do cemitério. Isso é impactante na vida das personagens. É uma quebra das identidades religiosas, familiares e territoriais.

 

- Um movimento tipo o MST surge para tentar recompor a dignidade dos trabalhadores da fazenda, mas o assassinato é o destino da liderança!

 

- São negros lutando pela terra, pela dignidade, pelas tradições e identidades.

 

Há mulheres fortes na trama: Bibiana, Belonísia, Maria Cabocla, e outras, que lutam para estudar, crescer, comprar uma terra para si, fazer uma casa de tijolo que desse pertença e permanência aos negros daquelas terras.

 

Na capa do livro já se vê que se pretende falar de negros. E de negros rurais! E ainda é no Brasil rural que é possível perceber que tivemos, mais nitidamente, uma abolição inconclusa.

 

O autor vai montando a narração, mostrando que aquelas pessoas vivem vida análoga à da escravidão, onde negros perambulam de terras em terras, por gerações seguidas, em busca de morada que trocam por sua força de trabalho. As condições de trabalho e de vida são bem parecidas com as da escravidão. Mas há trabalhadores fortes e destemidos que se opõem a este modo de vida e de trabalho. Aliás, quando que a história do negro não foi carregada de dor e de luta.

 

O autor utilizou capítulos curtos, facilitando a leitura, já que a história é pesada, pois analisa as raízes da estrutura social do país. A narrativa vai mostrando como que através da luta e da resistência as tradições orais, alimentares, religiosas e de trabalho puderam atravessar os tempos.

 

O livro é bem escrito. Utilizou a técnica de três narradores diferentes, o que alterna a visão do leitor sobre a vida naquelas terras.

 

A narrativa passa, ainda, pelas parteiras que trouxeram à luz todas as crianças que nasceram na fazenda; pelo conhecimento das raízes e folhas para vários tratamentos; passa também pelas secas e enchentes que alteram a quantidade e qualidade alimentar dos trabalhadores da fazenda. O negro está por sua conta e risco na fazenda! O Senhor da fazenda mora na capital, pouco vai à fazenda, não sabe e nem quer saber das dificuldades dos trabalhadores, dos novos escravos!


Sobre o encontro para analisar o Torto Arado

 

Ontem, 17 de abril de 2021, realizamos nosso primeiro encontro virtual do grupo Quilombo Literário. Agora, pensamos em expandir as participações para pessoas de todos o Brasil e, quiçá, fora do Brasil. 

Tivemos a participação online de 6 pessoas. Ao que parece, inicialmente, todos gostaram do evento virtual. 

Foi uma conversa agradável e produtiva, onde todos os participantes tiveram oportunidade de falar livremente sobre suas impressões sobre o livro.

Segue comentário de Paulo Garcia sobre nosso encontro:

"Ontem, no Quilombo Literário, tivemos um bate-papo sobre a obra Torto Arado, de Itamar Vieira Junior. Para além de toda a riqueza literária em si, da maneira como o autor articula palavras e traz à tona tanta sensibilidade, Torto Arado nos mostra feridas constitutivas do nosso país, feridas que continuam abertas, sangrando. Um passado que se faz presente. E nessa relação passado/presente, falamos sobre o racismo, o patriarcalismo, a fome, a miséria, mas também evidenciamos a resistência, os afetos, os conhecimentos tradicionais, a sabedoria e a força de quem continua de pé, abrindo caminhos. Torto Arado é, sem dúvida, um retrato do Brasil".

Assim que forem chegando outros comentários, iremos postando aqui.


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Print da tela [autoria Paulo Garcia] com os 6 participantes do encontro para discussão e análise do livro Torto Arado, de autoria de Itamar Vieira Júnior.

sexta-feira, 12 de março de 2021

Convite para participar do VII Roda de Conversa - 12mar21

 

Fortaleza, 08 de março de 2021

Convite


Você está recebendo um convite pessoal e intransferível para participar de uma conversa de roda [através do Google Meet] cujo objetivo é analisar e estudar, preferencialmente, autores negros que produziram literatura nacional e internacional sobre a questão negra.


Este convite é para participar do VII Conversa de Roda no Quilombo Literário.

 

Conversa de Roda no Quilombo Literário pretende estimular entre os participantes o gosto pela leitura de livros de autores negros; melhorar a capacidade de interpretar, discutir e apresentar as ideias; aprimorar a escrita de textos voltados à questão negra.

 

Para maiores informações sobre como funciona o Conversa de Roda no Quilombo Literário, acesse o blog www.quilomboliterario.blogspot.com, temos também uma página no Facebook quilombo literário – 2018.

 

Nota:

A Coordenação resolve, em face dos imprevistos causados pela pandemia, propor a leitura do próximo livro. Nossa proposta inicial era ler um livro por semestre, no mínimo. Então, ficaremos com os livros “Um Defeito de Cor”, que havia sido proposto para análise em abril passado, e "O Olho Mais Azul”, que havia sido proposto para leitura, porém, sem data definida para o encontro, esperando por uma data futura. Como estes dois livros já estão lidos pelos integrantes do Quilombo Literário, em breve marcaremos encontro pelo Google Meet para estudo e análise das obras. 

Enquanto isso, a Coordenação indica o livro O Torto Arado, de Itamar Vieira Junior,  para a inauguração da Plataforma Google Meet no Quilombo Literário. 

Tudo isso é uma forma que a Coordenação encontrou para dar continuidade aos nossos encontros de leitura, e uma forma de enfrentar, altivamente, a pandemia!

 

Obras já estudadas:

1)    Em 09 de junho de 2018 – Na Minha Pele, do Lázaro Ramos

            2)    Em 15 de dezembro 2018 – Olhos D’água, da Conceição Evaristo

3)   Em 25 de maio 2019 – Eu Sei Por Que o Pássaro Canta na Gaiola, da Maya Angelou

4) Em 19 de outubro de 2019 – Não Vou Mais Lavar os Pratos, da Cristiane Sobral

5) Em 04 de abril de 2020 – Um Defeito de Cor, da Ana Maria Gonçalves

[ainda não realizado devido ao surto de pandemia que recomenda a não aglomeração de pessoas].

6) Sem data definida para 2020 - O Olho Mais Azul, da Tony Morrison

[como nosso objetivo era ler 2 livros por ano, a Coordenação indicou o segundo livro de 2020, mas a pandemia não cedeu, temos, então,  dois livros já lidos pelo grupo, só esperando uma data, agora pelo Google Meet].

            

Em  faremos nosso sétimo encontro, quando trabalharemos com a obra “Torto Arado”, do autor “Itamar Vieira Junior” 

 

A leitura integral do livro é condição necessária para participar do encontro.

 

VII Conversa de Roda no Quilombo Literário

 

Data: 

Local: 

Horário:  

 

Como adquirir a obra: pode ser adquirida nas boas livrarias da cidade (Cultura e Saraiva), ou na Estante Virtual (entrar no Google).

 

Solicitamos que cada participante confirme participação ao encontro pelo e-mail quilomboliterario@gmail.com o mais breve, para que possamos enviar o link para acesso. O link será enviado para aqueles que confirmarem presença!

  

Sobre o autor:

[retirado da Orelha do livro]

"Itamar Vieira Junior nasceu em Salvador, Bahia, em 1979. É geógrafo e doutor em estudos étnicos e africanos pela UFBA. Publicou os livros de contos Dias e A Oração do Carrasco (finalista do Prêmio Jabuti), além de outros textos ficcionais em diversas publicações nacionais e estrangeiras. Com esse Torto Arado, venceu os prêmios LeYa 2018, Jabuti e Oceanos."

 

Sobre a obra:

 

[retirado da orelha do livro]

"...Numa trama conduzida com maestria e com prosa melodiosa, tendo quase sempre as mulheres como protagonistas, Torto Arado é um romance belo e comovente que conta uma história de vida e morte, de combate e redenção. Itamar Vieira Junior não se perde, contudo, em duvidosas recriações de um idioma supostamente telúrico, nem trata seus personagens com certo paternalismo, tão daninho, que já assinalou um sem-número de tentativas na ficção, de dar voz aos despossuídos do campo..."

 

Comissão Organizadora:

 

Paulo Garcia [Vice Coordenador]

Paulo Rodrigues [Coordenador]

Valquiria Tenório [Assistente da Coordenação]


 

Contato com a comissão:

 

Fone: 

E-mail:quilomboliterario@gmail.com

 

terça-feira, 13 de outubro de 2020

Texto publicado pela Revista CearaCriolo [Elevador de serviços]

O link abaixo é o do texto que o CearaCriolo publicou.

[copiando e colando o link, é possivel entrar na página do CearaCriolo e acompanhar a íntegra da postagem do texto, inclusive, é possivel deixar comentários lá!] 

Também é possível deixar comentários aqui no nosso blog. É lá embaixo! [comentários são sempre bem vindos!]

Segue o link da revista eletrônica! 

https://cearacriolo.com.br/novo/elevador-de-servicos/


ELEVADOR DE SERVIÇOS

   

Por Paulo Rodrigues
Analista político e social

Nos Pampas gaúchos, aquela enorme região do Rio Grande do Sul na divisa com o Uruguai e a Argentina, faz muito frio! No dia em que Irene completou 13 anos, a mãe foi falar com a patroa para que conseguisse um trabalho para a filha. Podia ser como ajudante na casa de qualquer pessoa conhecida da patroa. A situação estava muito difícil em casa. Irene estava crescendo e não podia ficar às tardes solta nas ruas do bairro. O jeito era encaminhá-la para um trabalho. O pai trabalhava na construção civil, mas ganhava pouco. Tinha baixa escolaridade e, por isso, não era valorizado. Tinha aprendido o ofício com o pai dele.

– Por que colocar a guria a trabalhar tão cedo, dona Marlene? Encaminhe ela para estudar, ter uma boa profissão. Quem sabe ela até possa lhe ajudar ao final da sua vida, argumentou Patrícia.

A vida do pobre nem sempre era tão certinha assim, Marlene pensava, enquanto sacolejava no ônibus de volta para o barraco onde vivia com Irene e João, marido trabalhador, que desde os nove anos trabalhava em obras com o pai. Aprendeu tudo sobre construção de edifícios na prática, mas nunca foi valorizado porque não aprendeu a ler nem a escrever. Aos negros, não sobra tempo para estudar. O aluguel e a fome parecem que estão sempre batendo à porta. Para dona Patrícia, é muito fácil dizer “ponha a guria a estudar”. Mas pagar de que jeito?

Absorta em seus pensamentos, tentando encontrar uma saída sobre o que fazer com Irene, Marlene nem percebeu que passou da parada onde deveria descer. Enquanto voltava a pé, depois de descer cinco ou seis paradas adiante, pensava que não era essa a vida que queria para Irene. Começar tão cedo como ajudante de empregada doméstica, ser tratada, como ela própria foi muitas vezes, igual a uma escrava, quando as patroas não permitiam que talheres, banheiros e toalhas fossem compartilhados. Dona Patrícia está certa! A guria tem que continuar os estudos. Ser alguém! Não reproduzir a história da mãe, dizia Marlene para si mesma!

– Aqui em casa tem muitos livros, Marlene! Diga para a Irene vir aqui escolher alguma coisa para ler. Ela pode levar para casa. É melhor do que deixar a guria correndo nas ruas. A senhora sabe como é essa juventude, arrematou Patrícia.

Essas conversas com Patrícia fizeram com que Marlene começasse a refletir sobre a vida não só da Irene como a dela, a do marido, as dos pais e a de amigos próximos. O marido era um bom homem, trabalhador, nunca deixou faltar o básico em casa, mas, às vezes, quando perdia o emprego, quer porque a obra terminou, quer porque houve má administração da obra, ficava em casa bebendo até aparecer outro emprego. E, quando demorava para aparecer, ele partia para agressões físicas em Marlene, como se ela fosse a culpada por serem negros e, assim, na hora das demissões, fossem os primeiros, mas nas admissões, os últimos. Era triste ver o marido nessa angústia, mas também não estava mais a fim de suportar as agressões físicas, e agora percebia que Irene talvez fosse por esse mesmo caminho, casando-se com um rapaz com estudo e trabalho precários, também ela própria com estudos e trabalhos precários. Não! Não queira isso para a filha! Irene vai estudar! É o estudo que dará ferramentas para que ela busque caminhos para escapar da pobreza e de trabalhos precários!

Apesar de ter estudado quase nada, Marlene tinha um refinado conhecimento sobre talheres, qual talher é utilizado para comer determinada comida; sobre comportamento à mesa, não falar de boca cheia, não falar ao mesmo tempo que outra pessoa; ao preparar um jantar que bebida acompanha a carne ou a massa. Tudo isso foi resultado de observações nas diversas casas de médicos, advogados e empresários que trabalhou. Mas em todas as casas ela sempre foi só a serviçal que era humilhada quando algo saía errado e, quando dava certo, a patroa é quem era cumprimentada. Dona Patrícia foi a primeira que se interessou em conversar sobre o futuro, dizendo que o futuro pode ser diferente: o dela, Marlene; o da Irene e o dela própria, Patrícia!

Patrícia é uma antropóloga branca que nasceu com tudo pronto na vida. Era só seguir o curso já traçado por outras pessoas. Em criança, fez balé, natação, canto e idiomas. Quando chegou na adolescência, idade que Irene tem hoje, já tinha uma vasta rede social formada. Era só começar a ler os clássicos da literatura e entrar para a universidade. Tão certo quanto o correr de um rio!

– Marlene, a senhora acha que eu concordo que alguém seja retirado de seu país, de seu convívio, e seja enviado para trabalhar de graça em outro país, para enriquecimento de outras pessoas? Temos uma dívida enorme com todos os negros e seus descendentes que foram jogados nessa situação. O mínimo que podemos fazer é o que empresas estão propondo atualmente: abertura de vagas nos altos escalões só para negros. É uma forma de abrir brechas para que haja real diversificação de pensamentos nas decisões que as empresas vierem a tomar, dizia Patrícia, numa tarde chuvosa, lá nos Pampas, quando as duas se sentaram para trocar ideias.

Depois dessas conversas com Patrícia, Marlene passou a incentivar Irene a ler. Era a única herança que poderia deixar para a guria. Não tinha como pagar aulas de balé, tênis ou natação, mas tinha como conseguir livros emprestados com dona Patrícia. Marlene conseguiu se aproximar de Irene repassando as histórias sobre negros que ouvia de Patrícia. Eram histórias de sofrimento durante a escravidão, muito trabalho pesado e, ao final da jornada de trabalho, muitas vezes, ainda servir ao Senhor. Mas também havia as histórias de homens e mulheres valentes, verdadeiros heróis negros, que muitas vezes conseguiam liderar grupos em fuga, rumo a uma terra livre e prometida que muitos chamavam de quilombos. Lá, nesses quilombos, viviam por sua conta e risco, porém, podiam plantar sua própria verdura para consumo de todos e as crianças não precisavam mais trabalhar desde muito cedo. Iam brincar e estudar, aprender os costumes e as religiões africanas. Irene passou a esperar ansiosa a hora em que a mãe voltava para casa. Assim, as duas podiam conversar alegremente sobre a saga dos negros na diáspora.

Ontem, a construtora onde o pai da Irene trabalha entregou oficialmente o prédio aos compradores. João foi homenageado como funcionário padrão, aquele que não teve nenhuma falta, não desperdiçou material, não teve advertências, enfim, foi um exemplo para todos. Quando mãe e filha chegavam para participar das homenagens, ouviram uma voz cujo conteúdo é conhecido dos negros da diáspora:

– O elevador de serviços é aquele lá no fundo!

Marlene não se deu por vencida, respondendo prontamente:

– O meu é este aqui mesmo! É que comprei um apartamento recentemente. Estou meio perdida neste prédio!

E ficou olhando firmemente para a moderna Sinhá, aquela que ainda não admite andar no mesmo elevador com uma negra!

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Apresentação no XI Congresso Internacional Artefatos da Cultura Negra


Os Coordenadores do Quilombo Literário, no dia 02de outubro de 2020, apresentaram as atividades do Quilombo em seminário virtual ocorrido na URCA [Universidade Regional do Cariri - CE]. Seguem as apresentações: Primeiro falou o Coordenador, Paulo Rodrigues; na sequência, o Vice Coordenador, Paulo Garcia.


XI Congresso Internacional Artefatos da cultura negra

Experiências de um Quilombo Literário em Fortaleza/CE: Literatura negra, narrativas e afetos

Obrigado a todos e todas por participarem da nossa apresentação.

Somos um grupo de leituras. O nome do grupo é Quilombo Literário.

Sou Paulo Rodrigues, coordenador do grupo, e Paulo Garcia é o vice coordenador.

O Quilombo Literário é formado por professores, estudantes e por pessoas de todas as outras profissões. Enviamos convite para cerca de 25 pessoas, mas efetivamente comparecem cerca de 8 pessoas por encontro. A única exigência é que se interessem pela questão negra.

A dinâmica do grupo é a de conversa de roda, onde todos podem falar sobre as impressões que tiveram ao ler a obra indicada. Não há um ponto de vista mais correto que outro. Partimos do princípio de que sempre podemos aprender alguma coisa com os outros.

Nossos encontros são semestrais. Sempre aos sábados à tarde. Para participar do grupo é preciso receber convite formal da coordenação.

O Quilombo Literário tem a pretensão de estimular o gosto pela leitura de autores negros, além de dar subsídios para que seus integrantes melhorem sua capacidade de apresentar ideias sobre este tema para os públicos onde atuam. Também estimulá-los a que escrevam textos para publicação em todas as mídias disponíveis.

Nosso primeiro encontro foi em junho de 2018, trabalhando a obra do Lázaro Ramos “Na Minha Pele”.

Depois trabalhamos as seguintes obras:

Em 15 de dezembro de 2018 – “Olhos D’Água”, da Conceição Evaristo;

Em 25 de maio de 2019 – “Eu Sei Por Que o Pássaro canta na Gaiola”, da Maya Angelou;

Em 19 de outubro de 2019 – “Não Vou Mais Lavar os Pratos”, da Cristiane Sobral.

Já fizemos quatro encontros presenciais, onde tivemos muitas trocas de informações e a chance de compartilhar narrativas de memórias de infância, ou de algum outro fato acontecido em algum momento da vida. Este é um espaço onde negros se encontram pessoalmente para conversarem, a partir da leitura do livro, sobre assuntos que em outros espaços não permeia livremente a questão negra. Também é um lugar onde amizades são expandidas.

A pandemia da Covid-19 fez com adiássemos o quinto encontro, que estava previsto para abril deste ano, onde trabalharíamos a obra “Um Defeito de Cor”, da autora Ana Maria Gonçalves. Indicamos para leitura para o segundo semestre, “O Olho Mais Azul” da autora Toni Morrison.

Convidamos a todos e todas que nos acompanhem pelo nosso blog: http://quilomboliterario.blogspot.com

Obrigado!

A Coordenação do

Quilombo Literário




















É importante destacar que as vivências no Quilombo Literário têm permitido a emersão de narrativas que muitas vezes são atravessadas por questões inseridas no campo das relações étnico-raciais e que evidenciam os impactos e as consequências do racismo no cotidiano dos seus integrantes. Para além das situações dolorosas, o Quilombo literário também se configura como um espaço que privilegia a troca e o fortalecimento de afetos.

Por fim, gostaria de finalizar a minha fala e estimular algumas reflexões com um poema de Cristiane Sobral, do livro Não vou mais lavar os pratos. O poema se chama Faveiros:

Quiseram transformar a favela num campo de
concentração
Num genocídio eletrizado pelo choro das mães
Numa opera do desespero

Quiseram exterminar essa gente de pele preta
Que continua resistindo
Subindo e descendo o morro

Gente valente que já cruzou tantos mares
Que calça as sandálias da valentia
Pisa as serpentes do mundo mau

Quiseram acabar com o descanso dessa gente
Que segue olhando a vista da cidade maravilhosa
Enxerga de um ponto privilegiado, esbanja outro
tipo de visão

Quiseram transformar a favela num campo de
concentração
Conseguiram uma concentração de beleza, de coragem, de
coragem
Um povo que vira a cara pro rancor e segue adiante

Quiseram transformar a favela num campo de
concentração
Em vão
É melhor dar do que receber.