terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Convite para Confraternização de final de ano [e análise de livro] - em 22nov21

 Caros colegas do

Quilombo Literário

A Coordenação do Quilombo Literário convida a todos os colegas do Quilombo Literário para confraternização de final de ano:

No Restaurante 
Avenida 
Dia 19 
Das 

Sendo que, das 12:00 até as 12:50h, em sala reservada para reuniões, analisaremos o livro Um Defeito de Cor, da autora Ana Maria Gonçalves. Após, vamos todos almoçar na mesa reservada. 

Reservamos uma mesa para o dia. 
Ao final, cada um pagará por aquilo que consumiu durante a confraternização.

Para aqueles colegas que desejarem, é possível levar companheiros(as) e filhos(as).
 
Todos os protocolos de prevenção à covid-19 deverão ser observados: máscara, álcool gel, entre outros.

Atenciosamente

A Coordenação do 
Quilombo Literário

sábado, 10 de julho de 2021

Sobre o II Conversa de Roda sobre filmes no Quilombo Literário - 10jul21

 

É tudo pra ontem


Palavras iniciais do Emicida.

“O meu sonho e as minhas lutas começaram muito antes da minha chegada”

 Contextualização:

 - Fomos o último país da Américas a abolir a escravidão.

- A riqueza das cidades foi criada em cima do trabalho e apagamento do negro.

- Esse apagamento cultural e econômico do negro levou-o à marginalização habitacional nas grandes cidades.

- O rip hop, o Breik e o grafite se tornaram uma maneira do jovem negro se expressar e protestar.

A rua é nóis. É potencializar!

- Essa arte, [vinda de pessoas marginalizadas] se torna uma forma de falar do racismo e da discriminação.

E conecta as ideias de operários com intelectuais negros(as).

- O rap é mais que denúncia. É potência e transformação!


O negro precisa ocupar todos os lugares que lhe foi negado ao longo dos anos. Inclusive o Teatro Municipal de São Paulo.

“Tenho sangrado demais

Tenho chorado pra cachorro

Ano passado eu morri

Mas esse ano eu não morro”

 Belchior


“A beira da ladeira desce

O ônibus já se foi

O sol só vem depois

Mesmo sendo o astro rei

Só vem depois”

Emicida

 

Fala de uma realidade das pessoas que moram longe e precisam sair cedo para o trabalho no centro das cidades. Bela música!

O negro precisa dessas visões para reflexões. De um modo geral, todo negro viveu [ou pelo menos os pais ou avós] isso de morar longe, sair cedo e voltar tarde (e cansado).

“O sol só vem depois que dona Maria já saiu!”

O filme faz o resgate de muitos negros(as) velhos(as) que ajudaram na luta antirracista, mas ficaram escondidos(as). (foram apagados(as)).

“Tudo que nóis temo é nóis!

A gente não pode se desconectar

A gente nasceu pra viver incluído!”

 

Sobre a missão do Emicida:

 Por uma ideia distorcida do cristianismo, os negros foram levados a acreditar que não tinham alma.

“minha missão é devolver a alma de cada um dos meus irmãos e minhas irmãs toda vez que eu pegar uma caneta ou um microfone!”

Não há um prédio, uma estrada que não tenha a mão negra.

E muitas vezes projetado por negros. Dando beleza aos prédios.


Resgate de compositores como Dona Ivone Lara, Candeia, Pixinguinha, Leci Brandão, entre outros.

Resgate do início da criação do MNU.

Com Lélia Gonzales se começa a discutir trans intersecção entre raça, classe e sexo.

Tudo isso dentro da ditadura militar.

Ela dizia que precisávamos acabar com a discriminação e a exploração.

E para vivermos uma real democracia racial, precisávamos viver numa democracia.

Em muitos momentos da história do país, o negro se levantou contra o Estado e contra o racismo. Era preciso que o Estado reconhecesse o protagonismo negro na sociedade.

Esse apagamento do negro, fez com que Ruth de Sousa e Carolina de Jesus não fossem alçadas ao lugar de direito.

Ruth foi a primeira atriz brasileira a ser indicada ao prêmio Leão de Ouro, em Veneza.

Carolina teve sua obra traduzida para mais de treze idiomas.

Ter levado Pablo Vitar e Majur para cantar no Municipal foi algo espetacular!

São dessas e outras coisas que o filme “AmarElo – É Tudo pra ontem!” trata.

Tudo que nóis temo é nóis!

   

terça-feira, 15 de junho de 2021

Convite para o II Conversa de Roda no Quilombo Literário sobre filmes

 

Convite

 

Você está recebendo um convite pessoal e intransferível para participar de uma conversa de roda [através do Google Meet] cujo objetivo é analisar e estudar, preferencialmente, filmes com temática negra, onde se valorize obras de atores e atrizes, roteiristas e diretores, onde a questão negra esteja em evidência. Filmes nacionais e internacionais.

 

Este convite é para participar do II Conversa de Roda no Quilombo Literário sobre filmes.

 

Conversa de Roda no Quilombo Literário sobre filmes pretende estimular entre os participantes o gosto por assistir filmes com temática negra; melhorar a capacidade de analisar e interpretar filmes; discutir e apresentar as ideias; aprimorar a escrita de textos voltados a filmes sobre a questão negra.

 

Conversa de Roda no Quilombo Literário sobre filmes vai pegar carona em blog já existente, o www.quilomboliterario.blogspot.com, temos também uma página no Facebook quilombo literário – 2018.

            

Em 10 de julho de 2021, faremos nosso segundo encontro, quando trabalharemos o filme do Emicida "AmarElo É Tudo Pra Ontem".

 

Assistir ao filme/documentário é condição necessária para participar do encontro.

 

II Conversa de Roda no Quilombo Literário sobre filmes

 

Data: 10 de julho de 2021

Local: Pelo Google Meet 

Horário: 


Filme disponível na plataforma da Netflix

 

Sobre o filme:

“Nos bastidores do show no Theatro Municipal de São Paulo o rapper e ativista Emicida celebra o grande legado da cultura negra brasileira.” Duração: 1:29 min

[retirado da apresentação do filme na Netflix].

 

Mais sobre o filme:

"Em seu mais novo projeto, o AmarElo (disco e documentário), o rapper Emicida, de origem paulistana, deixa evidente a importância da ocupação de espaços como o “Municipal” por grupos historicamente marginalizados na história do Brasil. Em entrevista ao El País, disse: “Durante muito tempo, nossa sociedade ficou refém de algo que ela chama de alta cultura. Uma cultura elitizada, que se baseia numa ideia questionável de que o povo não compreende arte. Transformar um prédio tão importante em um templo da alta cultura afastou a população, sobretudo a população mais pobre. Não sou o primeiro artista negro, não sou o primeiro representante de um movimento popular a subir naquele palco. Mas conseguimos criar um contexto, onde levamos para lá dentro um número imenso de pessoas que passam ao redor do Theatro todos os dias, mas não se perguntam: “por que a gente nunca entrou nesse teatro?” Por que nunca nos convidaram a pertencer a ele? Quarenta anos depois do nascimento do Movimento Negro Unificado, em 1978, temos a oportunidade de ocupar esse palco. O mais simbólico e mágico dessa ocupação foi encontrar algumas das pessoas que estavam naquelas escadas lutando por um Brasil mais justo, na criação do MNU, e colocá-los no meio do teatro”."

Fonte:

comentário da Questão 5 da Olimpíada Nacional em História do Brasil (ONHB) - 2021.

 

 

Solicitamos que cada participante confirme participação ao encontro pelo e-mail quilomboliterario@gmail.com o mais breve, para que possamos enviar o link para acesso. O link será enviado para aqueles que confirmarem presença!

  

Comissão Organizadora:

 

 [Vice Coordenador]

 [Coordenador]

 

 

Contato com a comissão:

 

Fone: 

E-mail:quilomboliterario@gmail.com

domingo, 30 de maio de 2021

Sobre o I Conversa de Roda sobre filmes no Quilombo Literário (2)

 

Ontem, 29 de maio de 2021, realizamos nosso primeiro encontro virtual sobre filmes no Quilombo Literário. Utilizamos a ferramenta Google Meet. Trabalhamos o quinto episódio da série "Meu Amor", disponível na Netflix, nessa data. 

Tivemos a presença de 4 pessoas. Foi uma conversa bem proveitosa, onde cada um pôde trazer comentários e análises de cenas que lhes chamaram a atenção. 

O episódio trata da parceria de duas mulheres que se casam e vivem juntas. Constroem uma família estendida, onde há filho(as), netos(as), mostrando que há várias formas válidas de se construir famílias. O nome das duas mulheres é Jurema e Nicinha. Jurema é a mais velha e apresenta alguns problemas de saúde, tais como pressão alta e diabetes, e precisa fazer uma operação nos olhos; a outra é a Nicinha, mais jovem e sem problemas de saúde. As duas são empregadas domésticas. A Jurema já é aposentada, a Nicinha ainda trabalha. Inicialmente, a família mora na favela da Rocinha. Mais tarde, Jurema e Nicinha compram uma casa a três horas da Rocinha. 

Um aspecto que se trabalhou foi o fato de a Jurema precisar fazer uma cirurgia nos olhos, porém ela tinha níveis elevados de diabetes e precisava baixar esses níveis para poder realizar a operação. Isso obrigava ela a ter uma alimentação balanceada, abandonar o cigarro e a cerveja. Mas isso era um controle difícil para ela.

Outro aspecto que se trabalhou foi a construção, aos pedaços, dos sonhos daquelas pessoas da família: a casa da Rocinha foi construída aos poucos, conforme o dinheiro ia permitindo e com mão de obra das duas mulheres ao longo dos anos. A casa mais recente, a que  fica a três horas da favela da Rocinha, também foi construída aos poucos, mas com muito carinho e planejamento. Uma das netas, a Michele, também construiu o sonho de formatura aos poucos, dentro das Políticas Públicas de governos que incentivavam o crescimento educacional da população. Um belo dia, fez tranças no cabelo, colocou vestido bonito e saiu de casa descendo as escadarias da Rocinha, dizendo para os vizinhos que ia ali colar grau e já voltava!  
  
Trabalhamos também a manutenção das tradições das religiões de matriz africana que as duas mulheres são praticantes e que conseguiram passar a tradição para todos os filhos(as) e netos(as). As mulheres mantêm um terreiro no primeiro andar da casa.

Esses foram alguns dos temas do episódio que trabalhamos durante o nosso encontro.


Sobre o I Conversa de Roda sobre Filmes no Quilombo Literário (1)


I Conversa de Roda - Quilombo Literário sobre filmes


Ontem realizamos nosso primeiro encontro para conversarmos sobre filmes no Quilombo Literário. 
Segue o print de tela do nosso encontro e texto enviado pela colega Fernanda Maria.



 

Ontem, 29 de maio de 2021, a partir das 15h, aconteceu nossa I CONVERSA DE RODA – QUILOMBO LITERÁRIO SOBRE FILMES de forma virtual (via google meet). Para esse primeiro encontro tivemos a indicação do Quinto episódio (Brasil: Jurema e Nicinha, sob a direção de Carolina Sá) da Série Meu Amor: seis histórias de amor verdadeiro.

Tivemos a presença de quatro participantes que fizeram a exposição de suas impressões, sobre essa história de amor entre Jurema e Nicinha, que envolve construções de vidas, trajetórias cotidianas em 43 anos de convivência. Duas mulheres negras, moradoras da Favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, empregadas domésticas, Jurema aposentada e Nicinha ainda na ativa profissional. Uma história que mostra o amor através dos afetos, dos vínculos, do cuidado, dos encontros familiares, dos sonhos compartilhados, do encontro de gerações no mesmo núcleo familiar, e sobretudo um amor de (re)existências, que nos diz, nos ensina que todo dia, é dia de seguir em frente.

A oportunidade de expormos nossas reflexões, trocarmos ideias com outras pessoas a respeito de uma mesma obra (cinematográfica), que foi o episódio Brasil: Jurema e Nicinha, da série Meu Amor: seis histórias de amor verdadeiro, nos permite aprendizados e (re)elaborações reflexivas, além de ser um momento de encontro, ainda que virtual, e de exercício, do falar e do escutar o (a) outro(a).


sábado, 1 de maio de 2021

Convite para o V Conversa de Roda no Quilombo Literário

 Fortaleza, 01 de maio de 2021.

 

Convite

 

Você está recebendo um convite pessoal e intransferível para participar de uma conversa de roda cujo objetivo é analisar e estudar, preferencialmente, autores negros que produziram literatura nacional e internacional sobre a questão negra.

 

Este convite é para participar do V Conversa de Roda no Quilombo Literário.

 

Conversa de Roda no Quilombo Literário pretende estimular entre os participantes o gosto pela leitura de livros de autores negros; melhorar a capacidade de interpretar, discutir e apresentar as ideias; aprimorar a escrita de textos voltados à questão negra.

 

Para maiores informações sobre como funciona o Conversa de Roda no Quilombo Literário, acesse o blog www.quilomboliterario.blogspot.com temos também uma página no Facebook quilombo literário – 2018.

 

Obras já estudadas:

1)    Em 09 de junho de 2018 – Na Minha Pele, do Lázaro Ramos

            2)    Em 15 de dezembro 2018 – Olhos D’água, da Conceição Evaristo

3)   Em 25 de maio 2019 – Eu Sei Por Que o Pássaro Canta na Gaiola, da Maya Angelou

4) Em 19 de outubro de 2019 – Não Vou Mais Lavar os Pratos, da Cristiane Sobral.

5) Em 04 de abril de 2020 - Um Defeito de Cor, da Ana Maria Gonçalves

[ainda não realizado devido ao surto de pandemia que recomenda a não aglomeração de pessoas]. O 5º encontro será reagendado para o dia 28 de agosto de 2021.

6) Sem data definida para 2020 - O Olho Mais Azul, da Toni Morrison        

[como objetivo era ler 2 livros por ano, a Coordenação indicou o segundo livro de 2020, mas a pandemia não cedeu, temos, então,  dois livros já lidos pelo grupo, só esperando uma data, agora pelo Google Meet]. O 6º encontro ainda não foi realizado. Será reagendado mais para o final de 2021].

7) Em 17 de abril de 2021 - Torto Arado, de Itamar Vieira Júnior

                                 

Em 28 de Agosto de 2021, faremos nosso quinto encontro [reagendado], quando trabalharemos com a obra “Um Defeito de Cor”, da autora “Ana Maria Gonçalves” 

 

A leitura integral do livro é condição necessária para participar do encontro.

 

V Conversa de Roda no Quilombo Literário

 

Data: 28 de Agosto de 2021

Local: Pelo Google Meet [o link para acesso será encaminhado no dia para o email de cada um dos convidados]

Horário: das 15:00 às 18:00h

 

[caso seja preciso mudar a data, avisaremos com antecedência].

 

Como adquirir a obra: pode ser adquirida nas boas livrarias da cidade (Cultura e Saraiva), ou na Estante Virtual (entrar no Google).

 

Solicitamos que cada participante confirme participação ao encontro pelo e-mail quilomboliterario@gmail.com o mais breve, para que possamos organizar detalhadamente o evento. O Link do Google Meet será enviado para aqueles que confirmarem presença.


Sobre a autora:

 [retirado da contracapa do livro]

 

"Ana Maria Gonçalves nasceu em Ibiá, Minas Gerais, em 1970. Abandonou a Publicidade para se dedicar à Literatura, e publicou o romance Ao lado e à margem do que sentes por mim, também disponível no blog da autora."

 

Sobre a obra:

[retirado da contracapa do livro]

"....Ana Maria apelidou com perfeição seu segundo livro: Um defeito de cor. Ela explica; na nossa delicada belle époque colonial, você, escurinho pretendente a cargo público, tinha que assinar documento abdicando oficialmente da cor da sua pele. Pois tais cargos, militares e civis – eclesiásticos também, ôlálá -, só podiam, naturalmente, ser ocupados por brancos...."

 

Comissão Organizadora:

 

 [Vice Coordenador]

 [Coordenador]

 [Assistente da Coordenação]

 

 

Contato com a comissão:

 

Fone: 

E-mail:quilomboliterario@gmail.com

 

Segue, anexa, foto do livro.


Área de anexos

livro iremos trabalhar a partir do dia 28 de agosto 2021.

Convite para o I Conversa de Roda no Quilombo Literário sobre filmes

 

Fortaleza, 01 de maio de 2021

Convite


Você está recebendo um convite pessoal e intransferível para participar de uma conversa de roda [através do Google Meet] cujo objetivo é analisar e estudar, preferencialmente, filmes com temática negra, onde se valorize obras de atores e atrizes, roteiristas e diretores, onde a questão negra esteja em evidência. Filmes nacionais e internacionais.


Este convite é para participar do I Conversa de Roda no Quilombo Literário sobre filmes.

 

Conversa de Roda no Quilombo Literário sobre filmes pretende estimular entre os participantes o gosto por assistir filmes com temática negra; melhorar a capacidade de analisar e interpretar filmes; discutir e apresentar as ideias; aprimorar a escrita de textos voltados a filmes sobre a questão negra.

 

Conversa de Roda no Quilombo Literário sobre filmes vai pegar carona em blog já existente, o www.quilomboliterario.blogspot.com, temos também uma página no Facebook quilombo literário – 2018.

            

Em 29 de maio de 2021, faremos nosso primeiro encontro, quando trabalharemos o filme "Meu Amor [seis histórias de amor verdadeiro]".

 

Assistir ao filme/documentário é condição necessária para participar do encontro.

 

I Conversa de Roda no Quilombo Literário sobre filmes

 

Data: 29 de maio de 2021

Local: Pelo Google Meet 

Horário: das 15:00 às 17:00h

Filme disponível na plataforma da Netflix


Sobre o filme:

Vamos trabalhar apenas com o 5º episódio do filme/documentário: "Brasil: Nicinha e Jurema".


Nome do filme/documentário: Meu Amor [seis histórias de amor verdadeiro]

É uma minissérie com 6 episódios, vamos analisar e estudar apenas o caso brasileiro.


O filme/documentário "Meu Amor [seis histórias de amor verdadeiro]"

Seis casais espalhados pelos quatro cantos do mundo.

Acompanhe seus altos e baixos. Junto o amor de suas histórias.


Sobre o 5º episódio:

Nicinha e Jurema estão juntas há 43 anos, formaram uma grande família em uma favela populosa e sonham em se aposentar na tranquilidade do campo. [1h04min]. 

 

Solicitamos que cada participante confirme participação ao encontro pelo e-mail quilomboliterario@gmail.com o mais breve, para que possamos enviar o link para acesso. O link será enviado para aqueles que confirmarem presença!

  

Comissão Organizadora:

 

 [Vice Coordenador]

 [Coordenador]

 [Assistente da Coordenação]


 

Contato com a comissão:

 

Fone: 

E-mail:quilomboliterario@gmail.com

domingo, 18 de abril de 2021

Sobre o encontro para analisar o Torto Arado II

 Ontem, realizamos virtualmente nosso encontro para analisar o livro Torto Arado, autoria de Itamar Vieira Júnior.

Segue as palavras iniciais do Coordenador ao encontro:

Falando aos novos participantes:

Objetivo do grupo:

O Quilombo Literário é um grupo interdisciplinar formado por professores e não-professores interessados em trocar experiências sobre a temática negra. Nas conversas de roda, diferentes pontos de vista sobre a obra analisada devem aflorar. Nenhum ponto de vista é mais correto que o outro. Isso apenas reforça a ideia de que podemos aprender alguma coisa com os outros. Muitas vezes é um detalhe que nos passou despercebido. Através das conversas de roda, o Quilombo Literário pretende estimular a leitura de autores negros, melhorar a capacidade de interpretar e discutir ideias, aprimorar a escrita de textos voltados à questão negra.

Cada participante comenta o que lhe pareceu interessante na obra estudada. As ideias da obra estudada servem como ponto de partida para a conversa, a obra é o fio condutor.

Falou-se, ainda, que no dia 08 de setembro de 2020, publicamos na Revista eletrônica  "CearáCriolo" um texto sob o título: Quilombo Literário: O Clube de leitura cearense focado em escritores negros.

Também no dia 02 de outubro de 2020, participamos do XI Congresso Internacional Artefatos da Cultura Negra, na Universidade Regional do Cariri [URCA], onde apresentamos trabalho sob o título : "Experiências de um Quilombo Literário em Fortaleza - CE: Literatura Negra, narrativa e afetos".

Há um texto em elaboração, a ser publicado na Revista Africanidades, onde se fala do Quilombo Literário em geral, e da apresentação na Urca. Segue um extrato deste texto, está na página 6:

"A apresentação do nosso trabalho chamou a atenção do mediador por ser o único com temática fora da academia. O mediador ficou encantado que, apesar dos tempos difíceis que se vive na educação, há coisas interessantes acontecendo dentro e fora dos muros da academia. Na visão dele, nosso trabalho chamou atenção por trazer o hábito da leitura para dentro de um grupo, e essa leitura não está presa à análise profunda do pensamento do autor, mas carrega além do autor, as vivências de cada participante do grupo. "Gostei!", nos disse o mediador!" 

Segue a avaliação inicial do Coordenador sobre o livro:

Torto Arado

Na pág 127, encontrei a melhor definição para o título do livro.

É quando Zeca do Chapéu Grande dizia “vou trabalhar o arado”, “vou arar a terra”, “seria bom ter um arado novo, esse arado está troncho e velho”.

 

Era um arado torto, deformado, que penetrava a terra de tal forma a deixa-la infértil, destruída e dilacerada – continuava a narração.

 

Dilacerada também estava a vida daquelas pessoas:

 

- Aquelas pessoas trabalhavam pela morada. E o que era a morada? Eram pessoas que vinham caminhando de fazenda em fazenda a procura de uma morada em troca de trabalho.

 

- Além de trabalharem nas terras grandes para produzirem para o Senhor, precisavam cultivar seus próprios roçados em volta da morada para seu próprio sustento. E o Senhor ainda levava para si cerca de 30% do produzido nesse roçado.

 

- Os maus tratos a mulheres estão presentes na narração: Tobias é um bom exemplo: bebia, batia na mulher, ficava dias sem aparecer e casa.

 

- A interdição do cemitério. Isso é impactante na vida das personagens. É uma quebra das identidades religiosas, familiares e territoriais.

 

- Um movimento tipo o MST surge para tentar recompor a dignidade dos trabalhadores da fazenda, mas o assassinato é o destino da liderança!

 

- São negros lutando pela terra, pela dignidade, pelas tradições e identidades.

 

Há mulheres fortes na trama: Bibiana, Belonísia, Maria Cabocla, e outras, que lutam para estudar, crescer, comprar uma terra para si, fazer uma casa de tijolo que desse pertença e permanência aos negros daquelas terras.

 

Na capa do livro já se vê que se pretende falar de negros. E de negros rurais! E ainda é no Brasil rural que é possível perceber que tivemos, mais nitidamente, uma abolição inconclusa.

 

O autor vai montando a narração, mostrando que aquelas pessoas vivem vida análoga à da escravidão, onde negros perambulam de terras em terras, por gerações seguidas, em busca de morada que trocam por sua força de trabalho. As condições de trabalho e de vida são bem parecidas com as da escravidão. Mas há trabalhadores fortes e destemidos que se opõem a este modo de vida e de trabalho. Aliás, quando que a história do negro não foi carregada de dor e de luta.

 

O autor utilizou capítulos curtos, facilitando a leitura, já que a história é pesada, pois analisa as raízes da estrutura social do país. A narrativa vai mostrando como que através da luta e da resistência as tradições orais, alimentares, religiosas e de trabalho puderam atravessar os tempos.

 

O livro é bem escrito. Utilizou a técnica de três narradores diferentes, o que alterna a visão do leitor sobre a vida naquelas terras.

 

A narrativa passa, ainda, pelas parteiras que trouxeram à luz todas as crianças que nasceram na fazenda; pelo conhecimento das raízes e folhas para vários tratamentos; passa também pelas secas e enchentes que alteram a quantidade e qualidade alimentar dos trabalhadores da fazenda. O negro está por sua conta e risco na fazenda! O Senhor da fazenda mora na capital, pouco vai à fazenda, não sabe e nem quer saber das dificuldades dos trabalhadores, dos novos escravos!