domingo, 25 de junho de 2023

Encontro do Quilombo Literário livro Sobrevidas - em 25jun23

 

Sobrevidas

 Seguem algumas anotações que havia feito para apresentar ao grupo durante a análise do livro Sobrevidas em nosso encontro do dia 17 de junho de 2023, na Biblioteca Pública Estadual do Ceará, - BECE. 

Ao final, anexei comentários que uma colega enviou por WhatsApp sobre suas impressões iniciais do livro. Também anexei link para o podcast que outra colega enviou por WhatsApp.


Nosso grupo que participou da leitura do livro Sobrevidas

Nunca havia lido livro ambientado no leste da África [Quênia, Tânzania e Somália].

 A narrativa é bem construída. O ambiente é bem detalhado. Busca apresentar o modo de vida e de pensar dos personagens e, por extensão, da população.

 Embora haja muitos personagens, e o uso de palavras em vários idiomas, e muitas dessas palavras significando coisas locais em seus idiomas.

 A história busca por um personagem que pouco aparece na narrativa [Ilyas], mas os personagens buscam por ele, sem saber se vive ou não.

 Através desta busca incessante se percebe a angústia que as guerras trazem para a vida dos personagens [e da população em geral].

 Os personagens são, de uma forma ou de outra, marcados pela guerra.

 A irmã do Ilyas [Afiya] a todo instante pensa onde estará o irmão, se vai voltar para casa.

 O marido de Afiya, Hamza, volta da guerra com uma perna ferida, é a presença viva da guerra na família.

 O filho de Afiya e Hamza, Ilyas, também cresce ouvindo as histórias sobre o tio e mais tarde vai à procura do tio para dar uma solução ao sofrimento da mãe. Mais tarde, já adulto, ganha uma bolsa para estudar radiofonia na Alemanha, e descobre que o tio morreu na Alemanha. Através das pesquisas do rapaz em arquivos e jornais é que se fica sabendo da vida que o tio levou na Alemanha.

 O livro mostra os efeitos da guerra pela colonização de territórios africanos causou no coração e na mente das pessoas nativas.

 Primeiro os alemães fazem guerras avançando sobre os territórios africanos. Matando, destruindo prédios e vidas, cooptando nativos para lutar a seu favor e contra nativos irmãos.

 Tem a Shutztruppe, grupo de guerra criado pelos alemães. Ilyas se alista na Shutztruppe.

 Mais tarde os ingleses também avançam sobre esses territórios onde os alemães já estavam estabelecidos. Os ingleses derrotam os alemães e passam a administrar esses territórios.

 Mais adiante, se percebe que os alemães tentaram a recolonização daqueles territórios, ou seja, tentaram expulsar os ingleses.

 Como resultado dessas guerras, temos territórios dizimados, pessoas com problemas existenciais, doenças, famílias destroçadas. [na pág 320, “não basta o seu pai e o seu tio terem tido a estupidez de arriscar a vida na guerra desses orgulhosos?”].


Intervalo para o lanche

 Acredito que os nativos fossem negros, embora não haja uma só vez em todo o livro o uso da palavra negro. Apenas no último parágrafo [pág 333] se faz referência “ao filho do cantor negro”. Esse cantor era o Ilyas!

 Na pág. 331, “depois da guerra, os alemães repatriaram os oficiais alemães, mas libertaram os askaris da Schutztruppe sem nempensar em como isso seria feito...”. Aqui fizeram igual a como foi feito nas Américas com os negros depois das abolições!

A narrativa se acelera nas últimas páginas. Muitas descobertas sobre o tio são rápidas, só citadas, dizendo aconteceu isso, apareceu aquilo. Num contraste ao restante da narrativa onde se narrava as fofocas dos moradores em detalhes, tudo isso para fazer entender os hábitos e pensamentos dos habitantes locais.

 Segue comentário de nossa colega e integrante do grupo, pelo whatsApp, em 19jun23, sobre o livro:

 boa dia, quilombo! infelizmente não consegui participar do nosso último encontro. estava com umas pendências de trabalho e optei ainda por dar continuidade à leitura do livro, que só consegui iniciar de fato na semana passada. estou agora já no finalzinho do livro e muuito atravessada pela narrativa! à medida que avançava na leitura fui ficando cada vez mais envolvida e impressionada com a sensibilidade do autor em captar as cotianicidades de um período de guerras coloniais tão crueis, sem deixar de conferir humanidade a suas personagens, aliás, fazendo da própria construção psicológica e subjetiva das personagens o grande mote da história. Ilyas, Afiya e Hamza para mim são os mais encantadores. que bom que optamos por esss obra!

 Segue link de podcast, enviado em 19jun23, pela colega e integrante do grupo, pelo whatsApp:

https://open.spotify.com/episode/0k5W7nxXPulaXXKa204H5Y?si=XOQ2DxnmQ_a2umuwJcZ8Pg

 

Capas do livro Sobrevidas

O grupo de leituras na BECE


Troca de ideias sobre o livro nas dependências da BECE.

Análise do livro em sala da BECE.

Minutos antes do início do encontro

Nossa fotógrafa

Conferindo a foto no celular!