sábado, 10 de julho de 2021

Sobre o II Conversa de Roda sobre filmes no Quilombo Literário - 10jul21

 

É tudo pra ontem


Palavras iniciais do Emicida.

“O meu sonho e as minhas lutas começaram muito antes da minha chegada”

 Contextualização:

 - Fomos o último país da Américas a abolir a escravidão.

- A riqueza das cidades foi criada em cima do trabalho e apagamento do negro.

- Esse apagamento cultural e econômico do negro levou-o à marginalização habitacional nas grandes cidades.

- O rip hop, o Breik e o grafite se tornaram uma maneira do jovem negro se expressar e protestar.

A rua é nóis. É potencializar!

- Essa arte, [vinda de pessoas marginalizadas] se torna uma forma de falar do racismo e da discriminação.

E conecta as ideias de operários com intelectuais negros(as).

- O rap é mais que denúncia. É potência e transformação!


O negro precisa ocupar todos os lugares que lhe foi negado ao longo dos anos. Inclusive o Teatro Municipal de São Paulo.

“Tenho sangrado demais

Tenho chorado pra cachorro

Ano passado eu morri

Mas esse ano eu não morro”

 Belchior


“A beira da ladeira desce

O ônibus já se foi

O sol só vem depois

Mesmo sendo o astro rei

Só vem depois”

Emicida

 

Fala de uma realidade das pessoas que moram longe e precisam sair cedo para o trabalho no centro das cidades. Bela música!

O negro precisa dessas visões para reflexões. De um modo geral, todo negro viveu [ou pelo menos os pais ou avós] isso de morar longe, sair cedo e voltar tarde (e cansado).

“O sol só vem depois que dona Maria já saiu!”

O filme faz o resgate de muitos negros(as) velhos(as) que ajudaram na luta antirracista, mas ficaram escondidos(as). (foram apagados(as)).

“Tudo que nóis temo é nóis!

A gente não pode se desconectar

A gente nasceu pra viver incluído!”

 

Sobre a missão do Emicida:

 Por uma ideia distorcida do cristianismo, os negros foram levados a acreditar que não tinham alma.

“minha missão é devolver a alma de cada um dos meus irmãos e minhas irmãs toda vez que eu pegar uma caneta ou um microfone!”

Não há um prédio, uma estrada que não tenha a mão negra.

E muitas vezes projetado por negros. Dando beleza aos prédios.


Resgate de compositores como Dona Ivone Lara, Candeia, Pixinguinha, Leci Brandão, entre outros.

Resgate do início da criação do MNU.

Com Lélia Gonzales se começa a discutir trans intersecção entre raça, classe e sexo.

Tudo isso dentro da ditadura militar.

Ela dizia que precisávamos acabar com a discriminação e a exploração.

E para vivermos uma real democracia racial, precisávamos viver numa democracia.

Em muitos momentos da história do país, o negro se levantou contra o Estado e contra o racismo. Era preciso que o Estado reconhecesse o protagonismo negro na sociedade.

Esse apagamento do negro, fez com que Ruth de Sousa e Carolina de Jesus não fossem alçadas ao lugar de direito.

Ruth foi a primeira atriz brasileira a ser indicada ao prêmio Leão de Ouro, em Veneza.

Carolina teve sua obra traduzida para mais de treze idiomas.

Ter levado Pablo Vitar e Majur para cantar no Municipal foi algo espetacular!

São dessas e outras coisas que o filme “AmarElo – É Tudo pra ontem!” trata.

Tudo que nóis temo é nóis!