domingo, 11 de dezembro de 2022

Apontamentos durante a leitura da obra [Solitária] - 11dez22

Apontamentos feitos por PauloRodrigues 


Livro: Solitária

Autora: Eliana Alves Cruz

 

Na orelha do livro

 

Eunice / Mabel [mãe e filha]

Mãe não quer que a filha seja empregada doméstica.

Filha quer que a mãe não seja mais empregada doméstica.

Livro trata de questões urgentes:

Pandemia – ações afirmativas – direitos reprodutivos, dando um toque de atualidade à trama.

Solitária reelabora as sobrevidas da escravidão colonial.

 

1.      Quintal pág 11

 

Apresentação de Eunice e Jurandir. Casados. Ele porteiro, ela empregada doméstica.

Mabel [filha de Eunice] é a narradora.

 

2.      Planta baixa pág 15

 

Em 1998 / 99 a mãe leva a filha pequena para o trabalho.

A patroa Lúcia não gosta.

A vó não pôde ficar com a neta.

Na pág. 18, informação de que Eunice é negra.

A descrição da situação do quartinho lembra o filme “A que horas ele volta”.

Na pág. 19, quem mora no quartinho “é quase da família”. É um lugar onde se estivesse sempre ao alcance da mão, da voz...

 

3.      Piscina, pág 22

 

O parâmetro que Mabel tem da riqueza são as novelas.

Pág. 26, a gente sempre foi miniatura de adulto.

Irene [uma menina que estava na casa ajudando] era mais uma na lista.

[crianças sendo tratadas como adultos].

 

4.      Cozinha, pág 24

 

Nenhuma anotação.

 

5.      Escritório, 27

 

A demissão sumária da empregada Eunice por levar filha pequena para o trabalho.

A reconsideração da demissão.

A metáfora do bode.

Tudo mudaria devido a novas despesas, mas só no quartinho.

 

6.      Portaria, pág 31

 

Eunice com olho manchado.

Não é dito, mas andou apanhando.

Irene é devolvida para casa no interior. “criança cuidando de outra criança”, disse o jornal.

Na pág. 34, Eunice é pessoa que ajuda a todos.

Na pág. 33, o econômico sempre presente. Tiago [marido de Lúcia] “faz os milagres acontecerem”.

 

7.      Salão de festas, pág 35

 

Festa de aniversário no condomínio para o filho de Jurandir.

Jurandir não é o pai de Mabel.

Toca a música do Bebeto [cantor brasileiro] “Minha preta”.

Jurandir dança com Eunice.

 

8.      Portão, pág 38

 

O pai de Mabel [Sérgio] vai ao prédio onde Eunice trabalha e mora. Está bêbado. Implica com as roupas e perfumes de Eunice.

Foi buscar dinheiro. É pessoa violenta. Faz ameaças aos porteiros, a Eunice, e a moradores que venham a mexer com a filha.

 

9.      Calçada, pág 41

 

O pai de Mabel era jardineiro.

Gostava de viver mais na rua do que numa casa.

Era doce ao lidar com plantas, mas bastava um gole e se transformava em pessoa rude, bruta.

Há pequena reflexão sobre as causas de pessoas morarem nas ruas, “pessoas vão para as ruas por muitos motivos e circunstâncias”.

 

10.  Quarto de bebê, pág 43

 

Na pág. 43, Camila [filha de patroa, Lúcia] é herdeira da riqueza.

Mimada, chata. Sobra para Mabel ajudar a cuidar de Camila.

Outra criança cuidando de crianças.

Quando Mabel tem 11 anos, Camila tem 6.

Nessa época, Mabel decide que não quer ser igual à mãe [muito humilde e serviçal], nem à dona Lúcia [socialite e fútil].

 

11.  Escadas, pág 47

 

Todos são jovens, perto dos 15 anos.

 Dedicação aos estudos: Mabel, na medicina; Cacá, na informática; João, não acreditando muito nos estudos, em negócio próprio.

João comenta: dona Lúcia conseguiu tudo com os estudos, ou foram as heranças?

 

12.  Banheiro, pág 54

 

Mabel se descobre grávida.

A moradora do apto 32, também grávida de João, consegue fazer aborto.

No banheiro de luxo, sente a solidão, as paredes do banheiro se estreitando sobre ela.

 

13.  Pracinha, pág 58

 

Mabel pensa no suicídio.

Na pág. 59, Mabel acha que é a única culpada por estar grávida.

Muitas vezes, parece que a mulher fez sozinha a gravidez.

A enfermeira Hilda diz para Cacau como a moradora do apto 31 fez o aborto.

 

14.  Recepção, pág 62

 

Primeira tentativa de fazer o procedimento.

Buscar informações, mas não fazer.

Dona Lúcia volta da viagem e nota que Mabel está grávida. Ajuda a buscar soluções para o aborto.

 

15.  Banheirinho, pág 65

 

Mabel pratica o aborto.

Com comprimidos.

Dona Lúcia forneceu toda a logística e dinheiro, mas não participou para ajudar Mabel.

 

16.  Janela, pág 68

 

Os jovens começam a amadurecer cedo.

João alerta Mabel que dona Lúcia a ajudou para não perder 2 empregadas pelo preço de uma.

Não ficar presa “nesse alívio e gratidão”.

Tempo de formatura.

Jurandir contente com o sucesso de Cacau nos estudos.

Na pág. 72, o general Mingau rouba a palavra e disse para os jovens não usarem a bobagem e a desonestidade das cotas.

 

2ª parte

 

17.  Quintal, pág 75

Eunice é a narradora agora.

Houve alguma briga com Mabel e Camila.

Fala-se em delegacia. Eunice acusando dona Lúcia.

Mabel no curso de medicina. As dificuldades para comprar livros.

 

18.  Sala de estar, pág 78

 

“...deu muito trabalho ajeitar a bagunça, Eunice? ...passando o polegar sobre a mesinha...”

Isso é um teste que patroas fazem para ver se a limpeza ficou boa.

Esqueceram uma carteira recheada de dinheiro entre as almofadas. Ao entregar a carteira para a patroa, esta conta nota por nota o dinheiro.

Foi mais um teste.

Nome de mãe de Eunice: dona Codinha.

 

19.  Jardim, pág 81

 

Mãe de Eunice tinha caboclos e pretos velhos num altar no jardim de casa, mas ia à igreja do bairro. “era engraçado isso, pensa Eunice”.

Sonhos de estudos [da Eunice] e planos de viagem [do Sérgio] foram ficando no passado. Não havia condições.

Se narra com mais detalhes a confusão com Sérgio que havia ido pedir dinheiro para Eunice no trabalho dela.

Jurandir queria ficar com Eunice, mas ainda havia o marido dela. Ela tinha medo das consequências.

 

20.  Parede, pág 85

 

Bruninho, depois de tempos, visita dona Lúcia.

Agora usando cadeira de rodas. Camila provoca Bruninho. Na sequência, o vaso chinês é quebrado. Tiago busca os papéis do seguro. Só pensa em dinheiro.

Camila se mostra má. Mabel aponta isso para a mãe, que não consegue ver.

 

21.  Quarto de despejo, pág 89

 

Eunice encontra Mabel e João Pedro no quarto de coisas descartáveis.

Ao emparedara filha, acaba ouvindo muitas coisas que ainda não tinham sido ditas entre as duas.

Eunice percebe que a história dela se repete com Mabel.

Mabel acha que a mãe só tem olhos para Camila.

Mas a mãe diz que Mabel é a mais importante em toda a sua vida. São olhares diferentes de mãe e filha.

 

22.  Salinha, pág 93

 

Acerto de contas entre Jurandir e os dois filhos, e Eunice e a filha.

Conversa sobre o acontecido no quarto de despejos.

Mabel diz que gostaria que o pai dela se preocupasse com ela como o Jurandir se preocupa com os filhos dele.

 

23.  Área de serviços, pág 96

 

Mabel lia Conceição Evaristo.

“...em boca fechada não entra mosquito, mas também não cabem risos e sorrisos”.

A serviçal é invisível, e a sua criança também deve ser.

A mãe de Eunice passa mal e a patroa não permite que Eunice se ausente do trabalho.

Depois de discussão, Eunice vai cuidar da mãe.

 

24.  Capela, pág 99

 

Encontro com Sérgio, pai de Mabel, na ponte. Era um buraco difícil de entrar.

Reencontro de pai e filha. Sérgio vai voltar para o interior. Se pergunta o a vida não fez com ele. Está perdido na cidade.

D. Codinha: fala de ensinamentos medicinais e dá um empurram na vida da filha, Eunice.

As diversas plantas no terreno de D. Codinha. Cada planta tem uma história. A vida pobre também tem histórias simples e belas.

 

25.  Porta de entrada, pág 105

 

Nada mudava entra os que serviam nem nos que eram servidos.

Mabel passa no vestibular para medicina. Em universidade pública.

Mabel diz coisas engasgadas há tempos para a família de dona Lúcia.

 

26.  Chão, pág 112

 

Na pág. 114, “as vezes a gente se acostuma com uma situação ruim, mas não quer sair porque é conhecida.

Assim me sentia trabalhando na casa de dona Lúcia”.

Jurandir pede Eunice em casamento.

Jurandir, Cacau, Eunice, Mabel vão a um forró.

 

27.  Criada-muda, pág 116

 

Eunice fica sabendo sobre o aborto de Mabel no passado. Dona Lúcia dá a caixa de abortivos para Eunice.

Se descobre que a síndica mantém a empregada Dadá em situação análoga à escravidão.

Na pág 122, Dadá mora em um quartinho em condições piores que o buraco em que Sérgio morava no viaduto.

 

28.  Telefone, pág 123

 

Na pág 125, “os moradores do prédio fizeram uma reunião para discutir a situação dos empregados”. “Muitos moradores estavam com medo do que aconteceu com Dadá. Pagar um advogado”.

 

29.  Espelho de Cristal, pág 127

 

Lembrou o caso do menino de Recife que caiu de uma janela do 5º andar.

Também tinha ficado com a patroa, enquanto a mãe passeava com o cãozinho da patroa.

Os móveis na casa dos ricos têm histórias de viagem. Quando quebram é como se enterrassem alguém da família.

Na casa dos pobres, como são comprados nos Magazines da cidade, não têm histórias.

 

30.  Laje, pág 134

 

Narra a queda do menino. Não morreu.

Dona Lúcia combina com todos da casa que ela vai assumir que estava na casa quando o menino caiu.

Dona Lúcia tenta livrar Camila.

 

1ª parte – Mabel narra

2ª parte – Eunice narra

3ª parte – o quartinho narra

 

3ª Parte

 

31.  Quarto de Empregada, pág 139

 

O quarto narra como eram e como pensavam as pessoas que passaram por ele.

Narra como foi a queda do menino Gilberto, filho de Luzia, da janela.

O interrogatório de Eunice.

Semelhante ao menino que caiu em Recife.

 

32.  Quarto de Porteiro, pág 146

 

Onde se tenta abafar a responsabilidade de Camila. Mas Jurandir e filhos, Eunice e filha discutem para fazer Camila responder pelo acidente.

33.  Quarto de Hospital, pág 151

 

É sobre a covid-19.

Que não tinha entrado na história ainda.

Algumas situações sobre a covid-19:

- Empregada teve; patrões também

- Tratar com remédios ineficazes

- Falta de oxigênio

- Entregadores com moto

- Paciente não quer ser atendido por enfermeira negra

Mabel descobre que a mãe ajudou Irene a se formar. [isso é narrado pelas paredes].

 

34.  Quarto de Descanso, pág 158

 

Onde Eunice diz ao delegado como tudo aconteceu.

Camila começa a responder processo.

Mabel lê em “Cartas para uma negra”: o problema da faxina é o cheiro da vida dos outros.

Finaliza: o quarto de descanso é todo aquele que tem o cheiro da nossa própria vida.

 

Pequena análise sobre a obra [Solitária] - 11dez22

 

No dia 22out22, o Quilombo Literário se reuniu para trabalhar o livro “Solitária” da autora Eliana Alves Cruz.

Os participantes discutiram vários aspectos sobre a questão das empregadas domésticas. Muitos desses aspectos ligados à negritude, já que maior parte delas, no Brasil, são negras.

Então, se viu como aspectos válidos lá na escravidão ainda estão presentes na vida das empregadas domésticas.

Falou de casos recentes de resgate de empregadas domésticas que ainda viviam em regimes análogos à escravidão. No livro também há descrições de personagens que mantém suas empregadas domésticas em tal situação.

Também se fez referências ao filme “A que horas ela volta”, cuja atriz principal era a Regina Casé. Muitas situações vistas no filme também se podem observar no livro. Inclusive no filme a filha da empregada se revolta ao perceber como os patrões da mãe pensam sobre ações afirmativa. No livro também a filha da empregada se revolta pelo modo de pensar e agir dos patrões da mãe, e isso faz com que a mãe reveja sua situação como empregada doméstica.

No livro, Eunice é a empregada doméstica e anda sempre de cabeça baixa fazendo tudo para agradar os patrões. [pág 27].

Seguem algumas fotos do nosso encontro:

Ao fundo, a marina; ao centro, telhado vermelho, o Centro Cultural Dragão do Mar 

Visão da Praia dos Crushes

Grupo analisando a obra

Debate entre colegas

Acompanhando a fala de colegas

Debates entre colegas

Colega expondo seu ponto de vista

Analisando o livro

Análise da obra

Acompanhando os debates

Debate da obra



Convite para próximo encontro - 01out22

 O próximo encontro acontecerá no dia 22/10/2022, das 15h30min às 18h. Na ocasião, discutiremos o livro 'Solitária', de Eliana Alves Cruz.  Também definimos o dia 10/12/22 para discutirmos o livro 'O Olho Mais Azul', da autora Toni Morrison, das 15h30min às 18h. [este livro deveria ter sido trabalhado durante a pandemia, mas não foi possível naquele momento].

domingo, 22 de maio de 2022

Fotos do último encontro "O Avesso da Pele" - 22mai22


Paulo Rodrigues

Seguem algumas fotos do último encontro do Quilombo Literário, onde analisamos a obra "O Avesso da Pele" do autor Jefferson Tenório.

Consideramos o encontro bastante produtivo, onde houve bastantes contribuições sobre a obra. 
Conseguimos encaminhar o recadastramento e atualização dos membros do grupo.

Muitos colegas acharam a obra bastante impactante, alguns chegaram a achá-la meio triste, tamanha a sua realidade com o vivido pelas pessoas negras nos seus cotidianos. 

Houve, ainda, os que acharam que a obra é o retrato da vida, pois expôs o racismo em muitas das suas entranhas. 

Segundo análise apresentada, a obra em estudo pode ser espécie de alter ego do autor. 

Em algumas situações, o narrador poderia apresentar mais elementos sobre o recorte apresentado do racismo. Alguns chegaram a falar em 'mostra e esconde' sobre o mesmo fato. 

Verificou-se também que esta é a visão apresentada pelo narrador sobre os fatos acontecidos. Chegou-se a comparar com outro livro já estudado pelo grupo, "O Torto Arado", onde havia vários narradores, e isso permitia que o leitor tivesse vários enfoques sobre os temas narrados. 

Chegou-se a chamar a obra "Dom Casmurro", clássico da literatura mundial, para também anotar que ali a visão apresentada é a do narrador Bentinho. São narrativas apresentadas, não significa ser a única que possa existir.

Muitas vezes, o assunto resvala para temas paralelos, mas não menos interessantes.
Falou-se da desativação de bibliotecas nas escolas públicas. Isso traz, segundo análises dentro do grupo, o aumento de pessoas desaminadas, falta de criatividade, chegando, muitas vezes, ao aumento de suicídios na população. São os reflexos de quando os governos encolhem e apertam os orçamentos, chegando ao ponto de acabarem com as bibliotecas nas escolas. 

Bibliotecas são a possibilidade de pequenos alunos se enfronharem no mundo do imaginário, viverem em mundos paralelos, aprendendo a cultivar a imaginação, coisa que vai ajudar na sua formação.

Assim foi o nosso encontro! 

Resgato um texto que foi publicado logo no início da criação de nosso grupo, que bem retrata a importância da leitura e das bibliotecas. 

Foi postado em maio de 2015. Segue o texto.

"Estivemos pensando outro dia nas inúmeras pessoas que tentam difundir o hábito da leitura em suas comunidades. Muitas vezes, ocupando um pedacinho do quarto ou da garagem para disponibilizar seus poucos livros aos futuros leitores. Num processo de despertar da leitura, nos perguntamos o que seria mais importante: o ambiente, os livros, o acesso ao local,  ou o prédio. Tudo isso é importante, mas percebemos que há pessoas que incentivam a leitura com bibliotecas ambulantes dentro de sacolas. Então, concluímos que o leitor é o elo mais importante num processo de incentivo à leitura. É ele que irá se encantar com os livros e, assim, incentivar que o projeto dê passos maiores. Para meninos e meninas pobres, a leitura ainda é a melhor forma de viajarem, imaginar a história que estão lendo. Investir em bibliotecas, mesmo que ambulantes, é dar uma chance ao desenvolvimento sadio de jovens, possibilitando que se pense menos em construir presídios no futuro. Ler boas obras é ajudar o cérebro a criar conexões, desenvolvendo-o. Ler é se adaptar a olhar os fatos por outros ângulos, é expandir o vocabulário e a capacidade de escrita, é melhorar a dicção e a oratória. Foi pensando em tudo isso que resolvemos lançar o Quilombo Literário, uma espécie de grupo de leituras, que pretende estimular a leitura de autores que reflitam sobre a questão negra. Como nas bibliotecas, acreditamos que é o envolvimento das pessoas que fará com que a ideia de um Quilombo Literário prospere. Através das leituras e posteriores reflexões sobre as obras lidas, o Quilombo Literário pretende estimular a leitura de autores negros, melhorar a capacidade de interpretação e discussão de ideias, e aprimorar a escrita de textos voltados à questão negra". 

Comissão Organizadora do 
Quilombo Literário


Capa do livro analisado em 21mai22


Análise de trechos do livro

Aguardando a vez para comentar

Troca de impressões

Lendo apontamentos 

Hora da merenda

Momento de descontração


Expondo ideias


Momento final dos estudos

Momento final dos estudos 2



 

Recadastramento dos colegas do Quilombo Literario - 22mai22

 

Fortaleza, 22 de maio de 2022.

 

Caros colegas,

Boa tarde,

 

Ontem, tivemos nosso encontro para trabalharmos o livro “O Avesso da Pele”, do autor Jefferson Tenório.

Foi um momento bastante prazeroso, onde se pôde discutir várias ideias, e aprendermos uns com os outros.

Também decidimos fazer um recadastramento dos colegas que participam do grupo. Para isso, decidimos criar um grupo no WhatsApp para tornarmos nossa comunicação mais rápida e eficiente.

Então, solicitamos a todos os colegas que desejam continuar participando do grupo, recebendo convites para os próximos encontros, comentando postagens diversas sobre negritude, que enviem para esse email [] o seu número de WhatsApp.

 Aqueles colegas que não enviarem, entenderemos que desejam sair do grupo.

Quanto aos colegas que estão fora de Fortaleza, caso queiram participar das discussões, podem enviar o número de WhatsApp também. Porém, ainda não temos como garantir a participação nos encontros presenciais, que é quando discutiremos algum livro ou filme indicado para análise.

  

Atenciosamente,

  

A Coordenação do

Quilombo Literário

sexta-feira, 20 de maio de 2022

Primeiros comentários sobre o livro "O Avesso da Pele" - 20mai22

 Paulo Rodrigues

Livro: O Avesso da Pele

Autor: Jefferson Tenório

Editora: Companhia das Letras


Livro a ser trabalhado no encontro de 21 de maio de 2022, no Quilombo Literário.


Resumiria o livro como uma espécie de conversa / (re)encontro com o pai do narrador. São narradas histórias de namoradas, amigos, professores, salas de aulas. É a reconstrução de uma história de vida perdida, porque o narrador não viveu muito com o pai durante a vida.


Essa reconstrução dos elos entre os dois acontece após a morte trágica do pai em uma abordagem policial. Na pág 176 / 177, é narrada essa abordagem.

 

É uma história sobre racismos. De como corpos negros sobrevivem em uma sociedade racista. Para mostrar isso, o autor apresenta várias situações do dia a dia dos personagens. Em muitas situações, são trazidos à discussão temas cotidianos de racismo que muitas vezes, na realidade, não percebemos como tal.

 

Na pág. 181 /182, se pergunta “como é ser sempre julgada pela cor da pele?” A personagem responde, entre outras coisas, “que a gente se acostuma com tudo; .... quando caminha na rua e as pessoas recolhem as bolsas...; .... quando os próprios homens preferem as negras mais claras, e a gente se acostuma a ficar só ....; .... a ir para entrevistas de emprego e fingir que não percebeu a cara de desapontamento do entrevistador...”.

 

Muitas dessas percepções de viver em uma pele negra são tratadas em outros personagens no livro.

 

Na pág 20 / 21, se fala da quebra da autoestima, quando Bruno Fragoso, empregador, diz que “... não gosto de negros ..., porque um caseiro me roubou”. O personagem negro fica tão surpreso com a declaração de Bruno, que não reage. O racismo é assim: joga [põe] as pessoas negras em nocaute, deixando-as acuadas ante a situação de racismo.

 

Na pág 25, se fala do drama de muitas mães, que não dormem direito, pois “... passava a noite inteira acordada esperando o filho chegar”. A mãe dizia “Porto Alegre está ficando muito violenta”.

 

Na pág. 28, o pai do narrador e Suellen – 2ª namorada branca – são o único casal interracial na faculdade e passam a ser motivo de comentários nos corredores. [você preto e ela branca, diziam!].

 

Ainda na pág 28, com Juliana – 1ª namorada branca do pai – caminhando pela rua da Praia, ouviam piadas quando passavam de mãos dadas pelas calçadas, mas vocês chegaram a achar “que o racismo não tinha nada a ver com o amor”.

 

Na pág 29 / 36, depois que o pai conhece o Profº Oliveira Silveira, começa a tomar consciência da existência do racismo. O professor Oliveira falava sobre vários autores e ativistas negros.

 

De tanto falar com Juliana sobre os ensinamentos do profº Oliveira, ela passa a se sentir mal com esses assuntos e o namoro começa a definhar. Ela começa a achar que ele não quer mais ir aos almoços de domingo com a família dela, porque não gostou dos parentes, mas era pelas piadas racistas durante o almoço, e por tudo que aprendeu nas aulas com o profº Oliveira Silveira.

 

Na pág. 46 / 47, sobre abandono de filhos. É quando Henrique, pai do narrador, se separa da família. Aqui, até a pág. 50, se discute as idas e vindas do casamento. [... pág. 47, o casamento é como um jogo de frescobol, onde o importante é não deixar a peteca cair].

 

Na pág. 76 /77, onde se fala que o Movimento Negro não ajuda; nessa cidade – Porto Alegre – que é a mais racista do país, em casos que parecem cotidianos, quando são problemas estruturais: “... o MN nos coloca no mesmo balaio. Ser homem negro é muito diferente de ser mulher negra”

 

A constatação, pág 77, de que há poucos negros no cinema / teatro não leva a nada, dizia a mãe do narrador para Henrique. “... o filme não fica melhor se houver mais pessoas negras aqui”.

 

Esses pontos de vista divergentes entre o casal iam fazendo o casamento definhar. Tudo devido às aulas do Profº Oliveira Silveira.

 

Na pág. 129 / 132, narra problemas na escola. Reuniões de pais e mestres. “... os pais sempre têm problemas que geralmente não têm nada a ver com a situação do filho na escola ...”; “... a precariedade da escola venceu, e você estava cansado...”.

 

São situações em que o autor discute os problemas das escolas, e como o professor, por ter que trabalhar em mais de uma escola, se torna um operário, e suas expectativas são soterradas.

 

Na pág. 164, ao entrar na sala de aula, Henrique observa que um grupo de alunos dizia “... fulano matou não sei quem e agora sicrano vai mandar bala no fulano ...”.

 

Henrique percebe que a maioria dos alunos era composta por negros, e ele o único professor negro. Henrique percebe que deveria ser exemplo para os alunos. E começa a apresentar aulas sobre obra de autores. “Crime e castigo” do Dostoiévski é a primeira obra apresentada, e traz bom interesse entre os alunos. Boas discussões! Traz também um novo ânimo a Henrique, que estava meio desanimado com as aulas. Tudo isso vinha salvando Henrique do abismo!

 

Caminhando pela rua, na pág. 176 / 177, pensava em novos autores para apresentar aos alunos [Kafka, Cervantes, James Baldwin, Virginia Woolf, Toni Morrison], nem percebe a aproximação da viatura policial pedindo para que encoste no muro. E, depois da abordagem policial, mais um negro é morto acidentalmente.

 

O livro traz muitos temas sobre racismo para aprofundar!


sábado, 30 de abril de 2022

Convite e Informações sobre o encontro de 21 de maio 2022 - 30abr22

 Boa tarde, colegas!


A Coordenação do Quilombo Literário, atendendo proposta de encontro presencial sugerida pelo colega Lucineudo, vem a público oficializar o local do próximo encontro para trabalharmos / analisarmos o nosso próximo livro "Avesso da Pele", no dia 21 de maio, com horário de início às 15h.

Endereço:


Informamos, ainda, que aqueles que puderem cooperar com o lanche do intervalo dos trabalhos, podem levar suco, bolo, bolacha, ou outro alimento.

Quanto aos colegas que estão fora de Fortaleza, (pela contagem, verificamos que são pelo menos 5 colegas), solicitamos que manifestem interesse em participar, para podermos abrir uma sala virtual no momento do encontro para que possam fazer sua participação durante os trabalhos. 

Também informamos que é preciso ler o livro para participar dos trabalhos de análise da obra!

O convite formal já foi enviado anteriormente! Agora é apenas um reforço do convite!

 Atenciosamente,

A Coordenação do 
Quilombo Literário